Vida Consagrada: Oito jovens receberam o hábito religioso na Ordem de Santa Clara

Naturais de Timor-Leste, religiosas fazem parte de um «laboratório da nova humanidade», afirmou D. José Ornelas

Monte Real, 07 abr 2024 (Ecclesia) – Oito jovens receberam hoje o hábito religioso das Irmãs Clarissas, rito que assinala a iniciação à Vida Religiosa na Ordem de Santa Clara.

A celebração, no Mosteiro de Santa Clara, em Monte Real, foi presidida pelo bispo da Diocese, D. José Ornelas, e corresponde ao início do tempo de noviciado das oito candidatas à vida contemplativa, naturais de Timor-Leste.

“Vêm de longe… Não há longe nem perto para o Senhor, há a Igreja do Senhor. Vimos de todas as partes do mundo, somos diferentes. Une-nos o mesmo amor do Senhor”, afirmou o bispo da Diocese de Leiria-Fátima na homilia da Missa, dirigindo-se às oito jovens timorenses.

Para D. José Ornelas, o relacionamento entre irmãs de diferentes localidades é “uma espécie de laboratório da nova humanidade”, possível não porque têm os mesmos gostos, a mesma língua ou a mesma cultura, mas “porque têm o mesmo Senhor”.

“Isso é viver a vida Cristã, na forma como vocês escolheram”, afirmou o bispo de Leiria Fátima às oito religiosas que tomaram o hábito na Ordem de Santa Clara.

A cerimónia de tomada do hábito religioso aconteceu após dois anos de postulantado, no Mosteiro de Santa Clara, em Monte Real; antes, em Timor-Leste, as oito candidatas viveram uma experiência vocacional no Mosteiro de Maliana e depois regressaram às suas terras e às famílias; depois, viveram dois anos como aspirantes no Mosteiro de Timor.

Com o hábito da Vida Religiosa, as oito jovens receberam o livro com a Regra de Santa Clara e a Liturgia das Horas, a oração da Igreja em comunidade.

Na homilia da Missa, D. José Ornelas referiu-se ao carisma da Ordem de Santa Clara, que vive na contemplação o espírito de São Francisco de Assis, afirmando que é uma “uma forma concreta de viver” que tem de ser “constantemente revivificado, renovado, adaptado aos nossos tempos, sem perder a sua especificidade ou verdade”, e sendo vivido “em Timor, em Portugal ou noutro lugar”.

“A vossa missão começa aqui”, disse D. José Ornelas às oito jovens, valorizando o “viver em oração” que carateriza o dia a dia no Mosteiro de Santa Clara.

“Vivam sempre este dia com muita ternura e com muita alegria, que será também uma alegria e ternura para a Igreja”, afirmou o bispo de Leiria-Fátima.

“Oito jovens, Hergília, Carmelita, Fátima, Floriana, Josefina, Pedronela, Santina e Vitorina, estão dispostas a entregar tudo a Deus e a iniciar uma vida diferente. Poderiam usufruir junto das suas famílias, o que qualquer pessoa pode usufruir, mas optaram por Cristo e consagraram-se a Deus numa vida simples, pobre, humilde, doada em fraternidade, por amor a Deus e benefício dos irmãos”, indica um comunicado da diocese de Leiria-Fátima enviado à Agência ECCLESIA.

O comunicado recorda a singularidade que levou cada uma das jovens a perceber o seu caminho, com a vocação a surgir em “situações e tempos diferentes”, partilhando todas, no entanto, a nacionalidade timorense.

Hergília traduz a “nova identidade” ao fazer parte da Ordem de Santa Clara e a alegria pela “vida simples e fraterna” em comunidade.

“Tomar hábito é poder pertencer à comunidade das Irmãs Clarissas que têm este carisma especial da Adoração ao Santíssimo. É seguir Jesus em pobreza, simplicidade, alegria e total entrega ao projeto de Deus para a minha vida”, reconhece Josefina, em declarações recolhidas pela diocese.

Percorrer “com fé, perseverança e alegria na vivência do Evangelho” é o desejo de Carmelita e Vitorina elege o caminho de “realização da missão” que afirma Deus lhe confia, e o desejo de se tornar “espelho da misericórdia de Deus para o mundo”.

A jovem Floriana indica que a tomada de hábito significa “iniciar um caminho de aproximação a Jesus vivendo da sua Palavra com amor e alegria”.

“Revestir-me de Cristo vivendo na pobreza, simplicidade e humildade de Jesus. O hábito é castanho como a terra e tem a forma de cruz, como identificação com Aquele que me chamou a segui-Lo”, destaca ainda Fátima.

A jovem Santina assinala que vestir o hábito assinala exteriormente a entrega da sua “vida inteira ao Senhor”: “Quero avançar no caminho que Jesus me propõe, vivendo no seu amor, numa comunidade que vive o Evangelho através dos conselhos evangélicos de pobreza, obediência e castidade”.

“Para mim, o Noviciado será uma resposta ao amor que sinto que Deus me tem, e ao qual quero responder com todo o meu coração. Acredito, pela experiência de discernimento que tenho vindo a fazer, que não será fácil, mas também sei que o amor tudo pode. Por isso, quero que a minha resposta seja, como a de Nossa Senhora, um sim humilde e diário”, destaca ainda a jovem Pedronela.

LS/PR

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Agência ECCLESIA

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