Testemunho de sete mulheres que procuram aproximar pessoas de Deus
Lisboa, 10 abr 2015 (Ecclesia) – A casa das Missionárias do Amor Misericordioso do Coração de Jesus (MAMCJ) em Massamá, nos arredores de Lisboa, acolhe uma experiência de vida religiosa, sem qualquer sinal exterior da sua presença num bairro habitacional.
Ao todo são sete mulheres que se dedicam ao carisma da misericórdia vivendo em grupos fraternos, ou no meio da sua família, onde a regra, mais interiorizada do que escrita, é ser um testemunho silencioso de uma opção de vida junto de quem se afastou ou não conhece o perdão de Deus.
Pelas mãos do padre Júlio Gritti, italiano a viver em Portugal há mais de 60 anos, o apostolado é desenvolvido através de três palavras: Simpatia, Anúncio e Sacramentos.
“O padre Júlio propõe que nos aproximemos das pessoas com simpatia, com o amor cristão. Quando elas sentem este amor, começam a abrir-se e aí passamos para o anúncio. Aos poucos as pessoas vão sentindo a necessidade de se aproximar dos sacramentos”, conta à ECCLESIA Lurdes Xavier, leiga consagrada missionária há 20 anos no Instituto secular.
A partir da inspiração de leituras, proferidas numa celebração eucarística, o padre Júlio quis juntar leigos com a missão de anunciar a misericórdia e a conversão a quem estivesse mais longe da Igreja.
“Olhando para o mundo invadido pela ideia de um Deus que julga, sonhei criar um grupo de consagrados preocupados em levar os leigos à graça de Deus. Quando depois de nos aproximarmos das pessoas que viveram tantos anos fora da Igreja, e encontram alguém preocupado em levá-los a adquirir outra vez a graça de Deus, percebemos uma alegria e uma serenidade que conduz as pessoas ao apostolado”, traduz o sacerdote de 91 anos.
A misericórdia é desenvolvida por estas mulheres na vertente espiritual, num trabalho “que não se vê com os olhos”, indica o fundador.
“O nosso objetivo é a conversão das pessoas, um voltar-se para Deus, através da confiança no amor e na bondade de Jesus”, acrescenta Lurdes Xavier.
Este é um trabalho que, indica a leiga consagrada, toca quem está fora e mas também dentro da Igreja: “Penso nas pessoas que estão na Igreja, que talvez nunca se tenham afastado de Deus, mas não descobriram o coração do Pai. Somos muitas vezes o filho mais velho da parábola «Filho Pródigo»: nunca nos afastamos mas não conhecemos verdadeiramente a bondade e o amor”.
Maria de Nazaré Maia testemunha essa conversão mais profunda depois de anos a “sentir-se tocada por Deus” e a participar em atividades promovidas pelos dehonianos.
“Foi num retiro, em Fátima, que eu percebi a dimensão da conversão. Eu ia confessada para esse retiro, mas houve um tema que apontava a reconciliação, e aquilo tocou-me muito”, precisa.
Do decorrer do encontro organizado pelas MAMCJ a professora de matemática dirigiu-se a um sacerdote e nessa confissão assume ter feito “uma limpeza no coração” e ter “encontrado a misericórdia de Deus”.
Maria de Nazaré Maia é hoje uma das 30 colaboradoras do Instituto Secular, tendo estado recentemente em Angola, juntamente com Lurdes Xavier, em apostolado: “O perdão não é fácil, mas é mais difícil perdoarmo-nos a nós. Quando isso acontece, encontra-se a misericórdia infinita de Deus”.
Em véspera da celebração do Domingo da Misericórdia, e tendo como pano de fundo a convocação do Papa Francisco do Jubileu da Misericórdia, a ECCLESIA foi conhecer o trabalho das Missionárias do Amor Misericordioso do Coração de Jesus, um instituto secular feminino, que assume como carisma o anúncio da misericórdia.
A reportagem pode ser ouvida este domingo, na Antena 1 da rádio pública, a partir das 06h00.
LS/OC