Vida Consagrada: Jubileu é ocasião de «educar para a disponibilidade desarmada» e para «encontrar os buscadores» – Padre Adelino Ascenso

Presidente da Conferência de Institutos Religiosos de Portugal indica Ano Santo como convite para missão em realidade «secularizada, «multicultural» e «multirreligiosa»

Foto: Agência ECCLESIA/PR

Lisboa, 31 jan 2025 (Ecclesia) – O padre Adelino Ascenso, presidente da Conferência de Institutos Religiosos de Portugal (CIRP) disse que, na celebração do Jubileu, os homens e mulheres religiosos “devem ir ao encontro dos buscadores”, sem deixar de se reconhecer “também eles, buscadores”.

“Os que buscam têm a pertença da sede do transcendente. Nós temos que ir ao encontro dos buscadores e teremos de, nós próximos, transformarmo-nos em buscadores. A consagrada e o consagrado não podem deixar de ser buscadores. Não podem deixar de se sentirem interpelados pelas dúvidas – sem perder a sua identidade, em total transparência, nós devemos ir ao encontro desses buscadores, tornando-nos, nós próprios, buscadores com eles”, afirma à Agência ECCLESIA.

A Igreja Católica assinala, no dia 2 de fevereiro, o Dia da Vida Consagrada e a celebração deste ano ganha a inspiração do Jubileu 2025, dedicado ao tema ‘Peregrinos de Esperança’.

Em Portugal existem 94 institutos femininos e 38 masculinos; o número de religiosas ronda as três mil e os religiosos serão cerca de 900.

O padre Adelino Ascenso indica a presença de “novos ventos” que inspiram renovadas respostas em lugares inaugurais e que vão deslocando a missão.

O responsável entende que os consagrados devem “ser portas abertas” e ter “corações escancarados e disponíveis para ir ao encontro dos mais desprotegidos”: “Os presos, os migrantes, os doentes, os pobres, os idosos, os jovens. E com isto não digo nada de novo. Mas há uma predisposição fundamental para a qual nos teremos de educar”.

Precisamos de nos educar para uma disponibilidade desarmada. Sem perder a capacidade de nos deixarmos surpreender pelo Espírito, que tanto nos pode interpelar através dos católicos, ou dos cristãos, dos crentes de outras religiões, como dos não-crentes ou dos indiferentes”, indica.

A celebração do Jubileu, que propõe no Ano Santo a justiça, o equilíbrio, desafia “as estruturas que, sendo fundamentais, têm de ter lugar para a carne, o sangue, os sentimentos”, evitando que a estrutura “tire a alegria”.

“Eu diria que as consagradas e os consagrados devem estar disponíveis, desarmados, para peregrinar, para ir ao encontro dos mais necessitados independentemente da sua ligação religiosa ou mesmo da sua simpatia ou antipatia no que diz respeito à religião”, explica.

Olhando para a realidade “secularizada”, crescentemente “multicultural” e “multirreligiosa”, o missionário da Sociedade da Boa Nova afirma a importância de afirmar o Jubileu nesses contextos, “onde Deus já não representa um papel importante”.

“Isso é para nós um desafio, também em Portugal”, sublinha.

O responsável recorda que a celebração jubilar não pode esconder o processo sinodal vivido pela Igreja e que deve continuar nas comunidades locais: “Tem de ser paralelo, um não pode um esconder o outro”.

“O documento final do sínodo foi publicado, mas há ali muitos elementos talvez até mais implícitos do que explícitos, que nos levam a agir e a buscar caminhos novos. É naturalmente um processo que agora depende de cada um de nós. Os institutos de vida consagrada têm consciência da missão partilhada, de chamar os leigos para os nos nossos grupos, o nosso ambiente de partilha, de organização, de decisão”, traduz.

O padre Adelino Ascenso sublinha ainda que o diálogo ecuménico, tal como reconhecido no documento final do Sínodos dos Bispos sobre a sinodalidade, “é fundamental para a compreensão da sinodalidade e da unidade da Igreja” e por isso saúda a celebração dos 1700 anos do Concílio ecuménico de Niceia, “num apelo à unidade da Igreja”.

A conversa com o padre Adelino Ascenso pode ser acompanhada no programa ECCLESIA na Antena 1, sábado, pelas 6h.

LS

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