Celebração em Fátima junta 140 comunidades religiosas numa demonstração «da unidade que Deus quer»
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Fátima, 01 mar 2025 (Ecclesia) – O Jubileu da Vida Consagrada que decorre hoje em Fátima, é uma ocasião para uma celebração da “diversidade dos carismas” com o foco na “unidade” do serviço à Igreja.
“É uma experiência eclesial muito bonita. Cada carisma é uma pérola, e somos complementares na missão que nos é dada, no servir a Igreja e o mundo. Temos uma vocação comum, de consagração. É uma experiência de comunhão”, explica à Agência ECCLESIA a irmã Isabel Martins, Serva de Nossa Senhora de Fátima.
A religiosa fala numa “fidelidade ao carisma original”, a partir de Luíza Andaluz, no caso das Servas de Nossa Senhora de Fátima, mas que pede uma continuo olhar sobre o mundo, “tão carente de luz, de paz, de reconciliação, de sentido de dignidade”.
“Por estes dias, somos bombardeados com imagens que atentam à dignidade da pessoa, também no mundo da política, do mundo da guerra, que deveriam ser pessoas que conduzem o mundo no sentido do bem comum e infelizmente não é isso que está a acontecer. É uma desolação ver pessoas com responsabilidades mundiais achincalharem-se mutuamente, em especial ver um país poderoso a fazer isso. É desolador e triste. Sinto em mim a urgência de colocar os valores no sítio, voltar a dar dignidade às pessoas, não compactuarmos com as ‘fake news’ e a desinformação. Que posamos ser esse contra sinal”, sublinhou.
Mais de 140 comunidades religiosas, 1050 membros inscritos na celebração do Jubileu da Vida Consagrada assinalam “o mesmo dom e a mesma vocação”, traduz a irmã Ângela Coelho, da Aliança de Santa Maria e vice-presidente da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal, que organiza o encontro.
“É a missão da unidade num mundo e sociedade multicultural que pode ser um sinal onde há tanta diferença e onde parece que não nos conseguimos entender. A guerra é um dos temas mas também a tolerância religiosa e tantas situações limites. Religiosos e religiosas provenientes de tantas culturas, de tantos idiomas, juntos a louvar o Senhor e a celebrar a fé é um sinal fortíssimo da unidade que Deus quer para nós”, sublinha.
O irmão Luís, dos irmãos São João de Deus, sublinhou à Agência ECCLESIA o trabalho apostólico e evangélico que os religiosos desenvolvem.
“O que seria da nossa sociedade sem a dedicação e entrega sem reservas das nossas comunidades? Um trabalho realizado nas escolas, hospitais e na assistência aos doentes?”, traduz.
Para o religioso, a celebração jubilar é uma oportunidade “de esperança” para as comunidades religiosas e para os beneficiários da “ação evangélica e apostólica desenvolvida pelas comunidades”.
“A diversidade de carisma é benéfica para a Igreja tomar consciência e também os religiosos do seu carisma e ação”, sublinha.
O Jubileu da Vida Consagrada começou com a celebração da Eucaristia, presidida por D. Rui Valério, patriarca de Lisboa e delegado da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) para a Vida Consagrada, às 11h00, na Basílica da Santíssima Trindade; na parte da tarde, há adoração eucarística, pelas 14h30, o bispo de Lamego, D. António Couto, faz uma reflexão sobre o jubileu, segue-se um momento cultural e a entrega de um símbolo, no Auditório do Centro Pastoral Paulo VI.
A Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal organiza depois o 40º encontro nacional da vida consagrada, este ano com o tema ‘Sinais de Esperança da Vida Consagrada no Mundo’, de 2 a 4 de março, no Centro Pastoral Paulo VI, em Fátima.
HM/LS
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