Religiosa salesiana fala do preconceito que tinha sobre freiras, nos desafios da juventude e entende o Papa como um «tsunami»
Lisboa, 16 dez 2022 (Ecclesia) – A irmã Linda Vieira, Filha de Maria Auxiliadora, contou à Agência ECCLESIA como acabou com o “preconceito que tinha sobre as freiras” e como nos primeiros anos de catequese levou “da catequese para casa” a dinâmica do Advento.
“Descobri o Advento nos primeiros anos de catequese, em casa não tinha consciência disso, os meus pais, de origem Cabo Verdiana não tinham cultura de Advento, mas depois nas dinâmicas da catequese que nos eram propostas de levar, semana a semana, para casa, os meus pais foram acolhendo esta proposta”, recorda a religiosa em declarações à Agência ECCLESIA.
A irmã Linda Vieira foi descobrindo a sua vocação, “um caminho para o seu sim”, e atualmente vive na comunidade das irmãs salesianas de Setúbal, onde têm uma escola, de pré-escolar e 1º ciclo, e uma casa de acolhimento de meninas em risco.
“Curiosamente conhecia as irmãs, ponto. Eu não sabia muito bem qual a sua inspiração por teimosia minha, sempre tive muito preconceito em relação à vida consagrada e eu não queria ser freira, depois fui percebendo que a verdadeira liberdade está em não viver no preconceito e colocar todas as possibilidades para Deus nos dizer que projeto quer construir connosco”, explica.
O seu “sim definitivo” aconteceu a 7 de outubro de 2017, dia da profissão perpétua, “um dia muito marcante” e que proporcionaram à religiosa um “dia de céu”.
Formada em Educação Social, a irmã Linda Vieira, acredita “tanto na educação” porque vê acontecer esta cadeia atualmente, na escola e na sociedade: “o que entusiasma as crianças elas conseguem arrastar os pais”.
A religiosa sente a época de preparação para o Natal como “tempo de oportunidade e espera”, de fazer diferente e de mudar alguma coisa”, atitude que gosta de passar aos jovens com quem lida.
É um desafio colocá-los em caminho, o Natal tem esta força mediática e comercial que faz com que olhem para esse fim e não pensem no caminho e na preparação, quando conseguimos esta forma de estar, eles vivem-na e acolhem-na como oportunidade para esperar com atenção, para rever a própria forma de ser e estar”.
A religiosa colabora também com o departamento da pastoral da juventude da diocese de Setúbal, “que lhe dá muita alegria” mas também lhe traz novos desafios, ainda mais em preparação da Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023.
“Para os jovens o desafio é encontrar o tempo e pararmos, uma coisa que os jovens não gostam mas desejam muito, talvez de forma inconsciente, porque quando lhes é dada uma oportunidade de parar, eles acolhem e hoje em dia parar é um desafio”, aponta.
Com o aniversário de Francisco, acontecer no dia 17 de dezembro, a irmã Linda Vieira partilha que costuma dizer que o “Papa é um tsunami”.
“Eu costumo dizer que o Papa é um tsunami, é um profeta do nosso tempo, chamado por Deus a esta missão e que não deixa de fazer nada do que sente ser vontade de Deus; incompreendido e paradoxal, eu associo a um tsunami, alguma coisa que agita e que pode deixar as coisas tremidas mas que tem a força de nos deixar diferentes”, descreve.
A entrevista integra o programa de rádio ECCLESIA, deste sábado, na Antena 1 da rádio pública, pelas 06h00, ficando depois disponível online e em podcast.
SN
