Semana de Estudos promovida pela Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal procura formas de inovação
Fátima, 10 fev 2018 (Ecclesia) – O presidente da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP) disse hoje à Agência ECCLESIA que o “maior desafio” da Vida Consagrada é abandonar a linguagem, o estilo e a organização “jurássica” em que algumas congregações permanecem.
“O desafio maior é tornar a Vida Consagrada significativa para as novas gerações. Usamos uma linguagem antiga, ritos e rituais que não dizem muito às gentes de hoje e as estruturas de governo estão nas mãos das pessoas mais idosas”, referiu o padre José Vieira.
Para o superior provincial dos Missionários Combonianos, “algumas congregações têm muita dificuldade a passar às gerações mais novas o carisma, porque têm numa linguagem, um estilo de vida e organização tão jurássica que as pessoas não se sentem atraídas”.
O presidente da CIRP considera que as congregações religiosas não devem estar tão preocupadas com a “continuidade” e com a “organização”, mas devem libertar-se de “elementos que foram adquiridos pelas tradições e pelo tempo” e preocuparem-se apenas em “defender e alargar a presença de Cristo”.
“Evangelho pede-nos uma vida simples, sem grandes estruturas que, no encontro com Jesus, nos ajudem a encontrar os que vivem connosco e os que estão fora e precisam da nossa ajuda”, sublinhou o padre José Vieira.
O presidente da CIRP considera que a linguagem é um dos “grandes desafios” para a Vida Consagrada, a exigir por exemplo mudanças de páginas na internet institucionais que “não atraem ninguém”.
Para o padre José Vieira, os jovens querem “histórias de vida”, não “sermões”, com uma linguagem “simples e escorreita” e para falar com a novas gerações “tem de ser através das redes sociais”.
A irmã Graça Guedes, vice-presidente da CIRP, insiste na necessidade de “inovar na Vida Consagrada”, nomeadamente na organização da vida em comunidade.
“Muitos dos abandonos na Vida Consagrada devem-se a fragilidades na forma como se vive a fraternidade”, referiu a superiora provincial das Religiosas do Amor de Deus.
“Temos de olhar esse aspeto da Vida Consagrada e perceber o que podemos fazer para que a vida fraterna seja mais cálida, mais acolhedora, que traga aos seus membros a alegria do Evangelho e realize as pessoas na entrega a Jesus Cristo”, sublinhou a vice-presidente da CIRP.
“Não podemos estar a inventar a Vida Consagrada: Temos de gostar verdadeiramente do que estamos a fazer, amar verdadeiramente esta vocação e isso vai transparecer”, acrescentou.
A Semana de Estudos da Vida Consagrada iniciou hoje em Fátima e vai decorrer até ao dia 13 de fevereiro para analisar o tema ‘Inovar na vida consagrada. Para vinho novo, odres novos’.
JCP/PR