Igreja da Nossa Senhora do Loreto, em Lisboa, acolheu encontro em memória do padre Dehon, que D. Manuel Clemente recorda como uma figura que fez um caminho «de compreensão das novidades do seu tempo»

Lisboa, 12 ago 2025 (Ecclesia) – Os Padres Dehonianos, congregação dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus (SCJ), celebraram hoje, na Igreja da Nossa Senhora do Loreto, em Lisboa, o centenário da morte do fundador, e anunciaram novas missões em Cuba e na Noruega.
“Tem sido sobretudo relembrar que somos herdeiros de uma personalidade muito significativa, que encontrou na pessoa de Cristo e de modo particular no coração de Cristo, onde ele foi buscar a sua espiritualidade e a sua força social, a sua força missionária, a sua força pastoral”, afirmou o vice-provincial dos Dehonianos, padre Armando Batista, em declarações à Agência ECCLESIA.
A Congregação religiosa dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus foi fundada no dia 28 de junho de 1878, em Saint-Quentin, França, pelo padre Leão Dehon (1843-1925), que faleceu no dia 12 de agosto de 1925.
O sacerdote lembra que o fundador “partiu do amor de Cristo, do coração de Cristo” e fez com que este “fosse algo original,” realçando que “quis a partir daí reparar o mundo, reparar relações, reparar situações muitas vezes até tristes e pecaminosas do seu tempo”.
“E fez isso amando e oferecendo-se, ofereceu-se para reparar com o único instrumento que encontrou do coração de Cristo, o amor”, acrescentou.
Num ano em que os Dehonianos assinalam os 100 anos da morte do fundador e os 150 anos da fundação da instituição, o padre José Agostinho, presidente da comissão provincial das celebrações jubilares, em Portugal e na Europa, fala que este é um” tempo de graça”.
“[O jubileu dehoniano tem sido] uma oportunidade para reavivar também a nossa espiritualidade, irmos novamente ao encontro do nosso fundador, das suas raízes, da sua obra, aquilo que ele nos deixou como inspiração, como carisma, como espiritualidade, e tem sido de facto, acho, um tempo muito profícuo na nossa congregação”, assinalou.
O responsável destaca que a preocupação da comissão para as iniciativas em torno das datas passou por revisitar os lugares dehonianos, isto é, lugares de nascimento, morte, de vida onde começou a congregação.
“Também quisemos envolver sobretudo as comunidades, a família de dehoniana e todas as comunidades que estão a nosso cuidado, ou seja, nas paróquias, nos colégios, em tanta obra que nós temos”, indicou.
A celebração do centenário da morte do fundador dos Dehonianos, em Lisboa, incluiu a conferência “O Padre Dehon e o contexto social político e eclesiástico do fim do século XIX, por D. Manuel Clemente. O bispo emérito de Lisboa evocou, em declarações à Agência ECCLSIA, “o caminho de descoberta, de compreensão das novidades do seu tempo” que o padre Leão Dehon realizou, salientando que nem todas eram boas e favoráveis a grande parte da população. “Com o desenvolvimento da Revolução Industrial tinha surgido também a grande concentração industrial, com muito pouca proteção para os operários, ou às vezes quase nenhuma, portanto a questão operária é fortíssima. E ele, pelo seu trabalho, pelas incumbências que teve lá na sua terra, em Saint-Quentin, e noutras partes, ele foi sendo sensível a esta problemática”, lembrou. O cardeal evoca o Padre Dehon como o “grande apóstolo destas encíclicas do Papa Leão XIII, que sendo uma delas a ‘Rerum Novarum’, que estabelece a base e a sistematização do que vem ser a doutrina social da Igreja até aos dias de hoje. D. Manuel Clemente aponta que o grande sentido da comemoração dos 100 anos da morte do fundador dos Dehonianos, é retomar hoje “não só a sua congregação e todos aqueles que estão mais perto do seu carisma”, mas a “atenção às novidades”.
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HM/LJ/PR