Vida Consagrada: Canonização do fundador dos Missionários da Consolata «confirma o amor enorme e a paixão profunda por Deus, pela humanidade e pelos não crentes»

«Nós já sabíamos que ele era santo», destaca missionário português Álvaro Pacheco, sobre o padre José Allamano

Lisboa, 21 out 2024 (Ecclesia) – O padre Álvaro Pacheco afirmou que a canonização do fundador dos Missionários da Consolata, padre José Allamano, “é uma confirmação do trabalho” que desta congregação religiosa e é também “uma confirmação da validade de tudo aquilo que ele ensinou”.

“Para nós, esta canonização, confirma o amor enorme e a paixão profunda que ele tinha por Deus, pela humanidade e pelos não crentes, ou seja, naquele tempo falava-se em salvar as almas, ele dizia vocês primeiro têm que ser santos para depois ser missionários, assim é que poderei salvar muitas almas. Ele tinha tudo isso no seu coração e a canonização vem confirmar tudo isso também”, disse o missionário português, esta segunda-feira, em entrevista à Agência ECCLESIA.

O Papa Francisco presidiu este domingo, Dia Mundial das Missões 2024, à proclamação de 14 santos da Igreja Católica, incluindo o fundador dos Missionários da Consolata, padre José Allamano, sacerdote italiano, falecido em 1926.

“Estes novos santos viveram o estilo de Jesus: o serviço. A fé e o apostolado que realizaram não alimentaram neles desejos mundanos e avidez de poder; pelo contrário, eles fizeram-se servidores dos seus irmãos, criativos em fazer o bem, firmes nas dificuldades, generosos até ao fim”, disse o Papa Francisco, na homilia da Missa, na Praça de São Pedro.

O padre Álvaro Pacheco salienta que a canonização de José Allamano, fundador dos Missionários e das Missionárias da Consolata, é, “acima de tudo, uma confirmação”, os missionários já sabiam “que ele era santo”, e ser reconhecido por “toda a Igreja é uma confirmação do trabalho” que estão a fazer, e “é também uma confirmação da validade de tudo aquilo que ele ensinou”, do espírito e do carisma que transmitiu.

Foto: Lusa/EPA

O padre José Allamano foi canonizado após o reconhecimento de um milagre atribuído à sua intercessão, que ocorreu na floresta amazónica brasileira, no Estado de Roraima: Sorino, um homem da etnia Ianomâmi, foi atacado por um felino, que o feriu gravemente na cabeça, a 7 de fevereiro de 1996, “primeiro dia da novena ao Beato Allamano”; “recuperou milagrosamente a saúde, em poucos meses, e ainda hoje vive na sua comunidade indígena”, indica o portal de notícias do Vaticano.

O entrevistado destaca que São José Allamano “vem de uma família de santos, de uma terra de santos também”, como o seu tio padre José Cafasso, que “foi uma grande influência na vida do jovem Allamano, que desde pequeno decidiu entrar no seminário”, e São Domingos Sávio e São João Bosco.

José Allamano entrou para o Oratório dos Salesianos, a convite de São João Bosco, mas, saiu e foi para o Seminário diocesano de Turim, “teve sempre um bichinho pelas missões”, e fundou o Instituto Missionário da Consolata em 1901, “os primeiros missionários foram para o Quénia”, chegaram em junho de 1902; em 1910, foram fundadas as Irmãs Missionárias da Consolata”; em 1925, chegaram a Moçambique, e nos anos 40 e 50, do século XX, foram para a América Latina, “procurar apoio financeiro e vocações entre os imigrantes italianos”.

O instituto religioso chegou a Portugal em 1943, “Marrocos é a missão mais recente, associada à Espanha”; em 1988, começou a sua presença no extremo Oriente, na Coreia do Sul, “mais tarde a Mongólia” – o atual prefeito apostólico de Ulaanbaatar é D. Giorgio Marengo, missionário italiano da Consolata, criado cardeal, no consistório de 2022 -, e Taiwan; as missionárias da Consolata foram também para a Mongólia e estão no Cazaquistão e Quirguistão.

O padre Álvaro Pacheco, que, por exemplo, já esteve em missão durante oito anos na Coreia do Sul, destaca que o Instituto Missionário da Consolata “está cada vez mais internacional” e as terras que eram de missão, agora, são “elas missionárias na Europa”.

“A maior parte das nossas vocações vem de África, porque a Europa infelizmente está a sofrer uma crise vocacional muito profunda. Em muitas paróquias temos angolanos, temos timorenses, temos gente das realidades que no passado eram o objeto da missão, agora elas também são protagonistas da missão”, salientou o missionário português, em entrevista ao Programa ECCLESIA, transmitido hoje, na RTP2.

HM/CB/OC

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Agência ECCLESIA

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