Vicentinos/400 anos: É necessário saber apresentar a salvação cristã a um mundo que é «autossalvador»

Provincial da Congregação da Missão sublinha a prioridade do cuidado aos mais carenciados e da atenção às periferias, inspirados por São Vicente de Paulo

Lisboa, 28 ago 2025 (Ecclesia) – O provincial dos Padre Vicentinos afirmou que a  celebração dos 400 anos da Congregação da Missão confirma a necessidade de cuidar dos “mais carenciados” e de dar atenção “às periferias”, desafiando a saber falar da salvação cristã num mundo “autossalvador”.

“Temos que nos preparar para falar de Jesus e apresentar a Cruz como sinal de salvação a um mundo autorreferencial e autossalvador”, afirmou o padre Pedro Guimarães em declarações à Agência ECCLESIA.

Depois de épocas em que a fé era transmitida de pais para filhos e marcava a cultura, o sacerdote vicentino fala de um “desafio tremendo”, porque a cultura cristã não define a sociedade, como noutros momentos da História, e a Igreja em Portugal ainda não está preparada para falar de Deus a quem não o conhece.

O provincial dos Padres Vicentinos sublinha a necessidade de uma “renovação da linguagem, novos métodos e novo ardor missionário”, identificando uma potencialidade e uma fragilidade, para o futuro.

“A potencialidade é que o ser humano ter necessidade de buscar o transcendente, Deus. E um sinal concreto é um santuário: é impressionante a peregrinação que hoje existe na sociedade para caminho para, que me parece um final muito interessante. Como potenciar este sinal, hoje, é uma pergunta que fica”, refere.

Para o padre Pedro Guimarães, a fragilidade reside no facto de, no contexto atual, ser possível já ter respostas “através de uma procura pessoal” e “não sentir necessidade de uma pertença comunitária”.

“Somos chamados a testemunhar que é em comunidade que nos salvamos”, afirmou.

Para o responsável da congregação, este é um estímulo pastoral que está a mobilizar a Congregação da Missão e que define o caminho que pretendem fazer nos próximos tempos.

O padre Pedro Guimarães falou à Agência ECCLESIA sobre 400 da Congregação da Missão, Fundada por São Vicente de Paulo, no alto do Santuário de Santa Quitéria, em Felgueiras, onde se situa a Comunidade Pastoral e Missionária da Congregação da Missão, um lugar onde aconteceu a resposta que foi necessário dar à edução de crianças e jovens e de onde partiu o trabalho das missões populares por todo o norte do país, que são uma abordagem muito atual e necessária não apenas na Igreja como também “para cultura”.

“Ir junto da comunidade, estar e aprender com ela, conhecê-la, é para nos um desafio e uma prioridade”, disse o responsável dos padres Vicentinos em Portugal, referindo que, hoje, é “tempo complexo” em que a Igreja é ainda mais desafiada a “ir ao encontro, a escutar e acompanhar, a dar resposta”.

O padre Pedro Guimarães destacou os diversos “ramos” que compõem a Família Vicentina, nomeadamente as Conferências de São Vicente de Paulo, as Filhas da Caridade e a Juventude Mariana Vicentina, que hoje seguem o carisma S. Vivente de Paulo, assim como a Congregação da Missão que, concretizando o carisma do fundador, mantém como prioritário a “atenção aos mais carenciados, às periferias” e “o cuidado crescente pela formação do clero e de leigos”.

Na entrevista, transmitida no programa Ecclesia desta quinta-feira, na RTP2, o padre Pedro Guimarães valorizou a sabedoria dos vicentinos mais antigos, dos que “deram a vida pela Igreja e pelo mundo” e que é necessário cuidar e agradeer, e referiu-se a projetos pensados para os mais novos, como o projeto missão “onlife”, que promove o diálogo e a reflexão, com contributos diversificados.

“Se não há pelo menos a capacidade para escutar como é que o outro vê o mundo para eu também o possa ver à luz da fé, ficamos numa bolha e isso vai levar a polarizações, a desconfianças e a medos”, alertou.

No ano em que os Padres Vicentinos assinalam 400 anos de fundação da congregação , um dos seus membros foi ordenado bispo auxiliar de Braga, D. Nélio Pita, o que constitui “alegria de saber que mais um missionário integra a Conferência Episcopal Portuguesa, e que um vicentino pode ajudar a Igreja a responder melhor aos desafios dos tempos” reconhece o Padre Pedro Guimarães.

Província Portuguesa da Congregação da Missão (PPCM) está a viver o Projeto Provincial 2023/2026, centrado nos objetivos ‘Vocação – Revitalização – Celebração’, com 10 linhas de ação, que “concretiza” as conclusões da Assembleia Geral desta congregação religiosa, realizada em 2022.

Em Portugal, com uma presença de mais de três séculos, os Padres Vicentinos colaboram “em várias dioceses”, através das missões populares, da formação do clero e dos leigos, do acompanhamento das associações e movimentos da Família Vicentina que se dedicam à pastoral caritativa, e dos vários serviços nas comunidades paroquiais.

A Conferência Episcopal Portuguesa, através da sua 190.ª assembleia plenária, no dia 10 de novembro de 2016, publicou uma Nota Pastoral de reconhecimento dedicada à Congregação da Missão.

Ao longo do mês de agosto, o Programa Ecclesia emitido em cada quinta-feira evoca efemérides que se assinalam, ao longo deste ano; os 400 anos da fundação da Congregação da Missão está a ser apresentada mensalmente em artigos de opinião publicados na Agência Ecclesia.

PR

 

 

 

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