Viana: «fascínio e a beleza da Palavra» são fundamentais para a Nova Evangelização

Semana de Estudos Teológicos aborda «cristianismo perdido»

Viana do Castelo, 02 Fev (Ecclesia) – O padre Jorge Barbosa, da Diocese de Viana, defendeu que “acolher, compreender, amar e viver, o fascínio e a beleza da Palavra de Deus” é fundamental para a Nova Evangelização.

Na conferência de abertura de Semana de Estudos Teológicos, que decorre em Viana do Castelo entre 1 e 3 de Fevereiro, este sacerdote diocesano salientou que, mais do que indiferentismo e secularismo que vem ameaçando a Igreja no seu confronto com o mundo moderno.

“A urgência de uma nova evangelização decorre do facto” de, “no interior da própria Igreja, se ter vivido um processo de afastamento progressivo da Palavra de Deus” que chegou, praticamente, até aos nossos dias.

A Semana de Estudos Teológicos, promovida pela Escola Superior de Teologia e Ciências Humanas, do Instituto católico de Viana, subordinada ao tema «De um cristianismo perdido a uma Nova Evangelização» pretende contribuir para uma análise da realidade eclesial em busca de um “novo compromisso missionário” que leve a todos os homens o tesouro que é a Palavra de Deus, referiu o padre Vasco Gonçalves, na apresentação da iniciativa.

O padre Jorge Barbosa recordou as circunstâncias históricas que levaram ao afastamento da Palavra.

Uma “espécie de iliteracia religiosa” foi marcando a relação dos cristãos com a Palavra de Deus, à medida que a linguagem da liturgia e da Sagrada Escritura se ia também afastando da língua falada”, dificultando uma “relação pessoal e directa com a Palavra de Deus”.

A questão da Reforma Protestante que colocou a Bíblia no centro da discussão e até da fundamentação de alguns erros levou a própria Igreja Católica a uma “progressiva desconfiança face à leitura e utilização da Sagrada Escritura” ao ponto da “recusa e quase proibição total do contacto dos fiéis com a Palavra”.

Esta posição marcou a Igreja até ao final do século XIX quando ressurgiu o interesse pelos estudos bíblicos, num movimento que haveria de conduzir à Constituição «Dei Verbum», no Concílio Vaticano II.

É Paulo VI, explicou o palestrante, que teve a ousadia de lançar o “desafio e quase a provocação de uma evangelização dos baptizados” que iam abandonando a fé.

A partir de então a nova evangelização constituiu-se como um «leitmotiv» na doutrina dos Papas, com um constante “apelo ao reencontro com a Palavra de Deus”.

O Papa Bento XVI, referiu o conferencista, “propõe uma mudança de paradigma” nas nossas pastorais: “mais do que a questão de novidades, de experiências, de métodos, de meios técnicos e tecnológicos, o anúncio da Palavra de Deus, na nova evangelização, deve pautar-se pela redescoberta do fascínio de seguir a Cristo, e firmar-se, sem medo, na certeza da eficácia da Palavra divina”.

Recorrendo ao relato da experiência pessoal, disse que “a Palavra de Deus deve ser como o sangue lançado a partir do coração da nova evangelização de modo a permitir ao cristianismo do século XXI reencontrar o seu caminho”.

Este caminho, vincou, passa pelo “reencontro e por uma relação próxima do anunciador e do anúncio com a pessoa de Cristo” e pelo “encontro com as pessoas a “re-evangelizar”, cuja vida, preocupações e anseios o anunciador deve conhecer e assimilar, no sentido de o promover”, sem medo até de alguma elevação de linguagem e exigência na compreensão pois, como afirmou, “devemos rejeitar definitivamente a ideia de que estas coisas da Bíblia não são para o povo”.

PG/OC

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