Começam amanhã as festas da Senhora da Agonia, na cidade de Viana do Castelo. Com anos de tradição, o dia 20 de Agosto marca no calendário a devoção que os pescadores da cidade têm a Nossa Senhora. Nos dias de hoje a religiosidade mistura-se com a festa pagã, mas não esquece os seus traços seculares. Marcava o ano de 1744, quando se iniciaram as celebrações religiosas dedicadas à Nossa Senhora, instituído na Idade Média pelos Servítas para lembrar os momentos dolorosos da vida da Virgem Maria ante o sofrimento e morte do seu Filho. O tempo foi adicionando outras tradições. A figura do pescador de Viana do Castelo manifesta a sua crença e devoção a Nossa Senhora, pedindo a luz protectora e a condução pelo caminho seguro nos mares e nas tempestades. Nas costas da capela de Nossa Senhora, foi colocado um farol, referência e amparo para os pescadores que andavam no mar, entretanto desactivado. A tradição de não saírem barcos para trabalhar, essa mantém-se. As raparigas, em belos trajes tradicionais de Viana, continuam a desfilar pelas ruas da cidade em trajes domingueiros ou de trabalho. Os lenços de namorados bordados, são ainda um marco. O ouro que as raparigas exibiam, dando conta que estavam em idade de casar. Noutros tempos, grupos de romeiros percorriam os caminhos a pé e as mulheres com cestos à cabeça levavam os farnéis, ou os homens com o vinho a tiracolo chegavam à capela para rezar e depois fazer a festa. Hoje continuam a chegar a Viana do Castelo muitos visitantes por esta altura para em adoração e devoção ou apenas para participar no culto pagão, se juntar às festividades. A tradição ainda se tenta manter, assim o diz José Fernandes, presidente da Real Irmandade do Santuário da Senhora da Agonia, em declarações à Agência ECCLESIA. Homens, mulheres e crianças dirigem-se ao Santuário de Nossa Senhora da Agonia, situado junto ao porto do mar, para participar nas celebrações religiosas e tomar parte na procissão. “As celebrações religiosas começam na 6ª feira, às 16h30 com a “Oração de Vésperas” na Capela Nossa Senhora da Agonia, seguida de procissão solene pela cidade” explica José Fernandes. No sábado haverá celebração eucarística às 9h da manhã e no Domingo, dia 20 de Agosto, após a Eucaristia no Santuário, também às 9h da manhã, segue-se a procissão ao mar. Desfilam o andor da Senhora da Agonia, os andores de São Pedro e de Nossa Senhora dos Mares. O cortejo dirige-se ao cais dos Barcos, onde depois da alocução do pároco, tem lugar a benção ao mar e às embarcações ancoradas. As imagens são embarcadas, separadamente, acompanhadas por dezenas de embarcações numa tradicional ida ao mar e ao rio. Forma-se depois nova procissão pelas ruas, atapetadas na noite de 19 para 20, antigamente com tapetes de flores naturais. A procissão percorre as ruas e só depois a padroeira dos pescadores volta ao santuário. “Começa então a festa pagã, onde todos saem à rua e brincam com os bombos, as concertinas e os cabeçudos e só termina com o fogo de artifício à noite” explica o Presidente da Irmandade. As celebrações religiosas vão ser presididas pelo bispo da Diocese de Viana do Castelo, D. José Augusto Pedreira.