Viana do Castelo: «Estudo e incentivo da música tem repercussões pastorais e litúrgicas» – padre Tiago Rodrigues

Celebração do Dia Jubilar da Música quer valorizar grupos corais e Bandas Filarmónicas como lugares de «comunidade», espirtitualidade e diálogo com novas gerações

Foto: https://radiogeice.com/

Viana do Castelo, 21 nov 2025 (Ecclesia) – O padre Tiago Rodrigues, diretor do Secretariado da Pastoral Litúrgica de Viana do Castelo, afirmou a necessidade de as dioceses investirem na formação musical, procurando impulsionar novas gerações em torno da música-sacra com repercussões na pastoral.

“Trata-se de investir no diálogo com as novas gerações. Eu vejo pelas paróquias que acompanho: os mais novos estão a estudar música na escola, são instigados a procurar música com qualidade. Este investimento e diálogo teria repercussões na espiritualidade”, explica à Agência ECCLESIA.

O responsável pede investimento para “criar uma identidade” para a “música da liturgia” e indica que este esforço deve começar nos Seminários, na formação de novos padres, mas também numa concertação entre a Conferência Episcopal Portuguesa, a Universidade Católica Portuguesa, a que se poderia juntar o Santuário de Fátima.

O padre Tiago assinala a importância de escolas diocesanas de música litúrgica mas indica que também a catequese pode ser o espaço para “ligar a música à fé”.

“As nossas crianças são introduzidas numa dimensão espiritual, de conteúdos ligados à fé e a este âmbito eclesial, na catequese, mas faltam pontes para passarmos do âmbito pedagógico e catequético para a dimensão celebrativa e comunitária. E eu penso que esta catequese ministerial, a partir da música, e dos acólitos também, mas de uma forma especial a música com os coros de pequenos cantores, pode ajudar a criar uma identidade em que estas crianças, quando crescerem e já terminarem o percurso catequético que a Igreja em Portugal encontrem caminhos para permanecer”, explica.

A diocese de Viana do Castelo vai celebrar o Dia Jubilar da Música, inserido num Ciclo de Órgão da Diocese de Viana do Castelo, que termina a 30 de novembro de 2025.

O dia 23 vai ser celebrado com um encontro de Bandas Filarmónicas que o responsável indica serem “escolas de comunidade, de partilha e entreajuda”, “primeiras escolas de música” de gerações que ajudaram a criar “grandes músicos e maestros”.

O ciclo de órgão, indica o padre Tiago Rodrigues, ajuda a sensibilizar para a “preservação do património” mas também o lugar da música na espiritualidade, valorizando “património material e imaterial”.

“Talvez a Igreja tenha abandonado um bocadinho os artistas, a arte, o diálogo com o mundo através da arte. Seria importante devolver os órgãos à liturgia. Se não os cuidaremos, não estarão disponíveis para estimular outros ao estudo e uso”, reconhece.

O padre Tiago Rodrigues fala na música como a linguagem para o “indizível” e sublinha o reconhecimento que a celebração do Jubileu dos grupos corais significa.

“Os grupos corais, a par da catequese, os grupos paroquiais que mais pessoas mobilizam. E a componente musical é essencial à vivência da liturgia”, evidencia.

“Qualquer tipo de arte, mas a música de uma fórmula especial, consegue dizer aquilo que nós não conseguimos dizer. Naturalmente, acompanhado de uma explicação e de um certo acompanhamento, mas sim, sem dúvida, que a música fala do indizível”, finaliza.

A conversa com o padre Tiago Rodrigues vai ser emitida no programa ECCLESIA, emitido este sábado na Antena 1, pelas 06h00.

LS

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