Padre Manuel Correia Quintas acompanhou de perto a criação da comunidade católica do Alto Minho
Viana do Castelo, 03 nov 2017 (Ecclesia) – O padre Manuel Correia Quintas diz que 40 anos depois da sua criação, a Diocese de Viana do Castelo tem um futuro risonho à sua frente, assim a comunidade católica continue a consolidar as suas estruturas.
Numa entrevista publicada na edição desta sexta-feira do Semanário ECCLESIA, em parceria com o jornal ‘Notícias de Viana’, o sacerdote de 83 anos destaca um processo de criação da diocese que sempre “esteve na mente” do povo do Alto Minho, e um desejo a que o tempo veio dar razão.
A Diocese de Viana do Castelo nasceu a 03 de novembro de 1977, depois de vários séculos de integração na Arquidiocese de Braga.
Segundo o padre Manuel Correia Quintas, que foi uma das figuras mais empenhadas nesta questão, o desejo de autonomia “não era um sonho de visionários”.
“A motivação pastoral foi a mola real”, a necessidade das pessoas em terem “um bispo próximo do rebanho”, algo que não era possível num território tão vasto como a então Arquidiocese de Braga.
E também a convicção de que este ideal da Diocese de Viana do Castelo tinha meios “para se aguentar”.
Décadas depois, “a prova está à vista”, diz o padre Manuel Correia Quintas, que realça uma diocese que em primeiro lugar conseguiu “cumprir as três vertentes da essência da Igreja, anunciando a verdade, denunciando os erros e partilhando valores”.
Em termos de frequência cristã, a Diocese de Viana do Castelo “tem, com Braga, a maior taxa em Portugal”, algo que se reflete também ao nível das vocações, com “três bispos” provenientes deste território: “D. Carlos Francisco, D. José Augusto e D. Antonino Eugénio”, e um seminário cheio com “mais de duas dezenas de seminaristas”.
Um contexto de “fazer ciúmes a todas as dioceses de Portugal”, frisa o sacerdote, que lembra ainda que a diocese minhota deverá ganhar em breve – “assim se espera” – um novo santo, Frei Bartolomeu dos Mártires.
Por todos estes aspetos, o futuro da Diocese de Viana do Castelo tem tudo para ser risonho, na opinião daquele responsável, que no entanto deixa uma advertência quanto ao trabalho pastoral no terreno.
“Na minha opinião, a militância ainda não merece vinte valores. O lugar de muitos e bons soldados que a diocese tem é na luta, no terreno, no campo de batalha e não à janela do quartel”, defende o padre Manuel Correia Quintas, para quem a Igreja Católica do Alto Minho tem de manter a irreverência salutar que fez dela comunidade e diocese.
Uma irreverência que pautou também a sua vida, desde os tempos em que integrou a chamada ‘Colónia de Viana’, enquanto aluno do Seminário Conciliar de Braga, até à missão como sacerdote.
“Numa lutei contra ninguém e muito menos contra um bispo, a quem prometi obediência sacra. Sempre obedeci, cumprindo a promessa feita no altar. Mas este cumprimento não me privou, por vezes, de pensar diferente”, frisou o padre Manuel Correia Quintas.
JCP