D. Anacleto Oliveira recorda importância de «paternidade e maternidade responsáveis» na sociedade e na Igreja
Viana do Castelo, 23 set 2014 (Ecclesia) – O bispo de Viana do Castelo manifestou a sua preocupação com a quebra da natalidade em Portugal e o aumento do desemprego entre os jovens, a quem falta a “estabilidade económica e emocional”.
“Não admira que jovens casais total ou parcialmente desempregados protelem a decisão de terem filhos, pelo bem que lhes querem, mas correndo o perigo de, quando a tomarem, seja tarde de mais, por diversas razões. Por isso, talvez seja na criação e promoção de emprego para jovens que o Estado mais tenha de investir”, sustenta, na carta Pastoral que marca o primeiro ano de um triénio dedicado à família.
D. Anacleto Oliveira alerta os pais para o “trabalho excessivo no tempo e nas energias gastas”, que pode não ser bom para os filhos “quando precisam do convívio para os acarinhar, fortalecer, educar”.
No item “paternidade e maternidade responsáveis”, o bispo diocesano dirige-se também aos casais que se interrogam sobre se ter filhos “num mundo cada vez pior não será fazer deles infelizes”.
“Quem assim pensa, esquece-se de que o mundo será muitíssimo do que dele fizermos e que, sem novas vidas, então, sim, é que não terá futuro algum”, explica D. Anacleto Oliveira, para quem não se pode contar “somente com as possibilidades humanas”.
O prelado alerta para a preocupante baixa natalidade e envelhecimento da população – em 2013, nasceram 82 787 pessoas e faleceram 106 553.
Para além desta evolução negativa, D. Anacleto Oliveira regista uma série de dados positivos, como “diminuição da taxa de mortalidade infantil; “enorme progresso nos meios técnicos e medicinais de combate à esterilidade”; o aumento da escolaridade obrigatória ou “aumento do nível de escolarização das mães” que “exige uma maior colaboração do pai em tarefas domésticas”.
O prelado assinala também como exemplo de responsabilidade os casais que não desistem de “uma gravidez inesperada, indesejada ou até alcançada em condições desagradáveis ou mesmo violentas” e dos “nascituros portadores de deficiências”.
“Por muito peso que tenham tais condições […] eliminá-la voluntariamente, seja em que fase for, é, antes de mais, desumano, como é todo o homicídio voluntário”, acrescenta.
A carta está dividida em cinco partes: a introdução “Com a bênção do beato Bartolomeu dos Mártires”; a primeira parte “Os filhos são uma bênção para a família”; a segunda “os filhos são uma bênção para a sociedade”; a terceira parte “os filhos são uma bênção para a Igreja” e a conclusão, “que o Beato Bartolomeu dos Mártires nos abençoe”.
Para o bispo de Viana, a família será verdadeiramente completa “quando se ouvirem as palavras ‘irmão’ e/ou ‘irmã’”, ao contrário do filho único que muitas vezes é “deseducado” para o “facilitismo, egoísmo e consumismo”.
No terceiro ponto, o prelado, reflete sobre “os filhos que se tornam filhos da Igreja” através da catequese e dos sacramentos de iniciação cristã, apresentando como três principais responsáveis “a família; a comunidade cristã e a escola, pública e privada, com a Educação Moral e Religiosa Católica”.
CB/OC