Viagem apostólica: «O Papa, ao visitar o Líbano, dará voz às pessoas que estão a sofrer», afirma Cáritas

Padre Michel Abboud aborda passagem de Leão XIV pelo país, que vive situação frágil e aguarda pela paz  

Foto: Cáritas Líbano

Cidade do Vaticano, 25 nov 2025 (Ecclesia) – A Cáritas do Líbano vê a visita do Papa como uma forma de dar a palavra aos que sofrem e espera que a viagem restaure a confiança dos que deixaram o país, que aguarda a paz.

“O Papa, ao visitar o Líbano, dará voz às pessoas que estão a sofrer, e essa voz será ouvida por muitos povos que podem ajudar”, afirmou o padre Michel Abboud, em declarações aos meios de comunicação do Vaticano, falando na situação grave que o país atravessa, especialmente no plano económico.

Leão XIV vai visitar a Turquia (de 27 a 30 de novembro) e o Líbano, (de 30 de novembro a 2 de dezembro), na primeira viagem do pontificado, num programa que assinala os 1700 anos do Concílio de Niceia.

“Os libaneses sabem bem que a visita do Papa é uma visita apostólica, paternal. Esta visita encoraja-os a considerarem-se parte da Igreja. É uma visita de solidariedade: graças a ela, o povo saberá que, apesar de todas as situações difíceis pelas quais passou, não se deve sentir abandonado”, referiu.

O padre Michel Abboud acredita que a passagem de Leão XIV pelo país do Médio-Oriente tem a mensagem de que “a Igreja e o mundo estão ao lado do Líbano”.

“Isso é muito importante para nós: o facto de o Papa, o chefe da Igreja Católica no mundo, vir aqui, ao país dos cedros e dos mártires”, referiu.

Questionado sobre a maior preocupação que o país tem, o presidente da Cáritas do Líbano fala na conquista da paz.

“Vivemos em angústia permanente. Se conversarmos com as pessoas no Líbano, elas vivem como se estivessem em guerra. Por isso, sentimos angústia pelo amanhã. Não temos um futuro seguro por enquanto”, lamenta.

Apesar isso, o povo tem esperança de qua algo possa acontecer para reverter a situação: “Quando o Papa vier, os libaneses perceberão que ele está a trazer um sinal de paz”.

“No Líbano, há 4 milhões de libaneses; fora do Líbano, há mais de 12 milhões. Eles estariam prontos para voltar e viver aqui, se uma situação de paz lhes permitisse e lhes permitisse também trabalhar aqui”, indica.

Sobre o trabalho desenvolvido pela Cáritas, o padre Michel Abboud refere que a organização trabalha para manter o povo vivo.

“A Cáritas Líbano, nos últimos anos, pagou milhões de dólares, graças a muitos doadores generosos, para que as pessoas pudessem pagar o hospital. No nosso país há muitos migrantes. Há os sírios: para nós, eles são imagens de Deus. Sentimos a obrigação espiritual de ajudá-los”, disse.

Questionado sobre a explosão no porto de Beirute, em 2020, e o que representou para o país e para a organização, o sacerdote dá conta que a Cáritas ajudou “muito”, sobretudo ao nível psicológico, mas também na reconstrução.

“O povo de Beirute, que perdeu suas casas, ainda tem sede de verdade. Querem saber quem é o responsável por essa explosão. A visita do Papa Leão ajudará as pessoas a não se sentirem abandonadas. As consequências da explosão ainda pesam sobre as suas vidas”, salientou.

Segundo o presidente da organização, a viagem do Papa “tem um forte valor simbólico, de paternidade e solidariedade, para todos os mártires que perderam suas vidas durante a explosão”.

“Será um consolo para as famílias que perderam seus parentes. Solidariedade para todas as pessoas feridas que perderam suas casas. Para nós da Caritas, será um incentivo para continuar a nossa missão”, salientou.

Também para os jovens libaneses que abandonaram o país, o a viagem do Papa será, segundo padre Michel Abboud, um sinal de esperança, uma vez que ao verem Leão XIV a pisar país, vão sentir saudades e vão querer voltar.

“Poderão reviver a confiança que perderam em seu país. Assim que virem que o Papa está no Líbano, saberão que não estão sozinhos”, expressa.

LJ/OC

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