Jovens de Aveiro viveram experiência missionária “Quando, num momento de algum desânimo, estava encostada a uma árvore, vi Deus num sorriso de criança que de mim se aproximou e me tocou; hoje sou uma pessoa diferente”. Isto mesmo foi dito por uma jovem que viveu a experiência missionária do último Verão, implementada pela Diocese de Aveiro, num gesto de solidariedade eclesial que é de registar. No encontro que decorreu no CUFC para darem conta ao nosso bispo, que os enviou, do que fizeram em Angola, Moçambique e no Brasil, 13 jovens falaram, com o coração na boca e o entusiasmo no olhar, do que viram e sentiram em terras de missão. Todos mostraram o que os marcou, decerto para toda a vida, durante umas férias em que se deram a quem tanto precisa, testemunhando a sua fé. E foi D. António que os interpelou, em jeito de desafio: “Será que a vossa vida mudou alguma coisa?” “Senti um crescimento tão grande… eu às vezes até nem queria adormecer, só para continuar a pensar no que tinha vivido naquele dia”, disse uma jovem. E logo outra acrescentou: “A gratidão daquele povo fez-me crescer espiritualmente e dar valor às pequenas coisas do nosso dia-a-dia em Portugal.” Outros aprenderam novos conceitos de amizade, enquanto alguém afirmou, peremptoriamente, que visualizou, naquelas terras de pobres sem conta, com alguns muito ricos, “que Deus é criador e está sempre connosco”. Outra jovem garantiu que hoje “é uma pessoa mais envolvida na paróquia”, porque em África Deus a despertou para “uma entrega mais consciente aos outros”. A Stela Pires, de Águeda, professora de Português e de Francês, foi para a paróquia de Santana, em Luanda. Deu aulas de reforço de Português a alunos e a professores, mas também se envolveu em tarefas de esclarecimento sobre questões de saúde, nomeadamente sobre a prevenção da sida. “Procurei transmitir aos jovens a importância do amor e da responsabilidade na relação a dois, para se evitar a contaminação da sida e de outras doenças sexualmente transmissíveis”, disse ao Correio do Vouga a Stela. Mas a sua acção, como jovem missionária, não se ficou por aqui. Nos diversos trabalhos e nos contactos com a população procurou sempre dar o seu testemunho de católica, até porque “é muito difícil definir as fronteiras entre serviço social e missionário”. Para si, ser missionário “é também ser solidário, estar disponível e cooperar”, adiantou. Para o Paulo Rodrigues, também de Águeda, trabalhador e com preocupações missionárias, esta experiência não surgiu de repente, mas foi amadurecida ao longo de anos, na catequese e no grupo de jovens da paróquia. “Fui ouvindo testemunhos que me entusiasmaram e assim nasceu a ideia de partir em missão”, referiu. Em Gabela, Angola, ensinou informática a jovens e adultos, onde não faltaram agentes da Polícia e funcionários das Finanças, que tinham computadores nas repartições, mas que os não sabiam utilizar. Também trabalhou em diversas actividades pastorais, em especial na catequese e nos grupos de jovens. O acolhimento das pessoas, o sentir que todas gostavam de partilhar os seus problemas e a vivência nas celebrações deixaram marcas indeléveis nos jovens missionários da nossa Diocese. Para todos, a oração diária serviu de apoio indispensável para usufruírem da riqueza espiritual e humana que lhes veio de gente muito pobres e simples, mas também muito receptiva e crente num futuro mais justo. D. António Marcelino a todos ouviu sem pressas neste encontro a que o Correio do Vouga teve o privilégio de assistir. E disse: “Quando vivemos num clima de generosidade e quando a tónica da nossa vida são os outros, temos a força libertadora que nos renova interiormente. E estas experiências, que vale a pena cultivar na vossa paróquia e nos vossos ambientes de trabalho, são importantes para potenciar as vossas capacidades, para serem melhores e mais para os outros.” Depois, em jeito de desafio, frisou: “Esta experiência foi um dom de Deus para a vossa vida, mas têm de o testemunhar no Dia Mundial das Missões, em encontros de crismandos e sempre.”