Verdade e caridade da Igreja são maiores que as suas contradições

D. Manuel Clemente garante que «nenhum receio nos fará abandonar a Cristo, nem ao seu Evangelho, a quem os queira extinguir na terra»

D. Manuel Clemente frisou este Domingo que os católicos não vão deixar que a Igreja “seja reduzida na sua verdade e esquecida na sua caridade, sempre maiores do que as tristes contrafacções que infelizmente consinta e cuja correcção queremos todos”.

Na homilia da missa de Ramos, que assinala o início da semana mais importante para os cristãos, o prelado salientou que “nenhum receio nos fará abandonar a Cristo, nem ao seu Evangelho, a quem os queira extinguir na terra”.

O bispo do Porto aludiu ao comportamento de dois personagens do trecho bíblico lido na celebração – Herodes e Pilatos –, tendo censurado a frivolidade do primeiro, que se concretiza na atitude dos “fátuos e poderosos” que “querem diversão que os entretenha e não conversão que os mude”, e a cobardia do segundo, sinal da atitude daqueles que quanto mais destroem mais fogem e da “contrafacção do verdadeiro poder”.

Durante a eucaristia, realizada na Sé, o prelado lamentou a diferença entre a identidade de Jesus e o que os crentes esperam dele: “Triste condição a nossa, que quer de Deus tudo quanto Ele não é e não tem e demora tanto a acolhê-lO como realmente é: vida das nossas vidas, vida nas nossas vidas, como se revela em Cristo. Não espectacular, mas fecundo”.

“Estais vós, estou eu, estamos todos, tão desinteressados e gratuitos que possamos entender a proposta que Jesus foi e é, sem o condicionarmos por alienações e expectativas às quais, aliás, Ele não dará resposta alguma?”, perguntou o presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais.

Para D. Manuel Clemente, uma das frases reveladoras do núcleo da mensagem cristã – o perdão incondicional – encontra-se nas palavras de Jesus depois de ter sido crucificado: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”.

“Sabemos pela experiência própria e da inteira história humana, que nos é possível desculpar este ou aquele, mais espontânea ou esforçadamente. Sabemos como foi penosa a marcha da justiça, até alcançarmos níveis razoáveis de punição e regeneração, respeitando direitos humanos finalmente codificados, ainda que nem sempre cumpridos. (…) Mas o que ouvimos de Jesus inocente e crucificado é infinitamente maior e universalmente redentor”, sublinhou o bispo do Porto.

“Peçamos a Deus, peçamos-Lhe do mais fundo e veemente de nós próprios, que esta Semana [Santa] nos esclareça o espírito e determine a vontade, para que a vida seja em tudo e sempre como Ele quiser, segundo Cristo”, apelou o prelado.

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