Bispo da diocese de Bragança-Miranda tenta ter dias junto ao mar onde sente a serenidade
Lisboa, 09 ago 2019 (Ecclesia) – D. José Cordeiro, bispo de Bragança-Miranda, confessa não ter muitos dias de férias, apesar de considerar o descanso necessário para que as pessoas possam ser “úteis e melhor servir o bem comum”.
“É possível dizer que o bispo vai de férias, se bem que não sou a pessoa mais indicada, recomendo aos outros e não sou uma realidade… Para não ‘beliscar’ o andamento normal do plano da diocese não tenho todo aquele tempo dito de férias, a não ser uns dias vividos na simplicidade e no descanso estritamente necessário para sermos úteis e melhor servir o bem comum”, explica em declarações à Agência ECCLESIA.
D. José Cordeiro tem “uma certa saudade” das férias enquanto sacerdote e dos anos que passou em Roma, onde “saboreou o tempo de férias”, pois enquanto bispo de Bragança-Miranda é difícil ter esse tempo.
“Tem sido raro em agosto e em Bragança é difícil que aconteça, com a vinda dos emigrantes e as festividades de verão é difícil que o bispo consiga ter cinco ou seis dias seguidos de férias. Mas tento esse maior encontro com Deus, com os outros e com criação, sempre que posso e gosto muito e tento ter dois ou três dias junto ao mar, isso ajuda-me a serenar”, refere.
Bispo de uma diocese longe do mar, do qual confessa gostar, D. José Cordeiro aponta o” silêncio e a solidão procurada mas acompanhada” como ingredientes do tempo de férias, seja “junto da família, dos amigos mais próximos e até de colegas e outras amizades que foram conseguidas ao longo dos anos que estive em Roma e agora dos oito anos que estou no ministério episcopal”.
Quando nos pomos nessa atitude de descoberta e escuta a criação é um hino de louvor, as férias não é sinónimo de praia, apesar de para mim serem reconfortantes, mas, no campo e em Trás-os-Montes cada vez mais descoberto para lugar de férias e ao escutar essas pessoas que optam por estes destino dizem que ali ainda se consegue ouvir o silêncio”.
D. José Cordeiro sente a necessidade de ter mais tempo e é o que recomenda também aos presbíteros e agentes pastorais pois entende que só se pode “dar na medida em que se recebe”.
“Só podemos dar na medida em que recebemos e se não temos essa paz interior e distanciamento das problemáticas deixamo-nos envolver e isso distancia-nos das pessoas e de Deus e do evangelho, aconselho a fazer férias com Deus, não deixamos de ser quem somos, mas, sobretudo, o dom da graça recebido mesmo em tempo de férias. A partir deste ano conto poder ter uma nova regra de vida: ter mais tempo de descanso”, adianta o prelado, de 52 anos.
Mesmo em tempo de férias o bispo de Bragança-Miranda “não se consegue libertar do trabalho” e sente que é mesmo um tempo proveitoso.
“Levo sempre livros e algum trabalho que nem sempre consigo realizar, mas há uma libertação que é difícil de fazer, e também não considero as férias como esse lugar vazio ou lugar de total abstração mas de maior simplicidade no estilo diário da vida e de maior escuta da criação e algumas ideias surgem nesses momentos de maior serenidade”, conclui.
A entrevista pode ser ouvida esta noite, pelas 22h45, no Programa ECCLESIA, na Antena 1 da rádio pública, e encerra esta temática que deu a conhecer as férias de cinco bispos portugueses.
HM/SN