Monsenhor José Fernando Caldas salienta que chegada dos migrantes «faz com que as romarias sejam mais participadas, que tenham talvez uma alegria diferente»
Ponte de Lima, 22 ago 2024 (Ecclesia) – O pároco de Ponte de Lima afirma que a Igreja Católica tem “um papel importante” nas festas e romarias que no verão se realizam no Alto Minho e em concreto nesta região da “mais antiga vila de Portugal”.
“Todo o Alto Milho é marcado profundamente pela religiosidade e por festas ao longo de todo o ano. Claro que, o verão, de um modo particular, seja pelos imigrantes que nos visitam, familiares que estão no estrangeiro, gente que trabalha noutras cidades e que passa aqui as suas férias, faz com que as romarias desta altura sejam mais participadas, que tenham talvez uma alegria diferente”, disse o monsenhor José Fernando Caldas, à Agência ECCLESIA.
O pároco de Ponte de Lima realça que se juntam as famílias e os amigos e “festeja-se a alegria da vida, da esperança e da própria fé”, observando que a relação entre o religioso, o profano e as tradições acontece “como tudo na vida”, e que a dimensão da festa “põe em relevo aquilo que é importante, que é essencial”.
“O humano tem fundamentos antropológicos, normais, em que se festeja a vida, a alegria impera, tem que se comer e beber, tem que se partilhar a alegria com os outros, e depois a fé alicerça-se na vida todos os dias; a nossa vida não é feita apenas da rotina, do trabalho, do suor, da canseira, das adversidades, dos lutos, mas a vida é feita e é marcada com estes momentos de alegria, que a gente pode expressar aquilo que é, festejar as coisas boas, partilhar com os outros e a fé dá aqui um mais.”
Monsenhor José Fernando Caldas explica que a fé é dizer que “a vida tem uma abertura diferente, tem uma programação diferente e não se fica apenas no dia-a-dia”, mas tem, talvez, um âmbito mais de eternidade e “isso dá todo o sentido”.
“Claro que aqui, em terra de Ponte de Lima, temos os cantares ao desafio, temos o folclore, temos o bom vinho verde, temos tantas coisas, que depois há os excessos próprios e acho que faz parte da vida todos os dias e faz parte da vida até de uma pessoa, de uma família, de uma comunidade”, acrescentou, no Programa ECCLESIA transmitido esta quinta-feira, dia 22 de agosto, na RTP2.
O sacerdote, que é o pároco de três comunidades nesta região desde setembro de 2022 – de Divino Salvador da Feitosa, de Santa Maria dos Anjos de Ponte de Lima e de São Mamede de Arca – salienta que, nestes meses de verão e férias, com a chegada de muitos emigrantes, “é interessante que os de fora, muitas vezes, valorizam muito mais as tradições, a cultura, aquilo que é a identidade”, porque, “muitas vezes, os de fora dão outro relevo, outra importância, porque também vivem de um modo mais intenso quanto cá estão”.
Ponte de Lima “é uma terra de confluências” a Ponte Romana sobre o Rio Lima “faz com que se crie pontos com todas estas localidades que estão à volta” e é também lugar de passagem dos peregrinos de Santiago que escolhem este Caminho Português para chegar a Compostela.
“E são muitos, e ultimamente tem crescido o peregrino que passa por aqui, que faz o caminho tradicional português, e Ponte de Lima é uma das etapas quase obrigatórias para todos os peregrinos. Há aqueles que fazem os Caminhos de Santiago apenas como passeio, por desporto, há outros que fazem como peregrinação mesmo e, portanto, a ponte e a Matriz, de um moldo particular, é também uma das etapas. Ajoelhar-se aos pés da Senhora das Dores, da Senhora da Assunção, naquela matriz que já tem alguns séculos, também é uma etapa para reconfortar a alma, para depois a gente poder continuar a caminhar até Santiago”, explicou monsenhor José Fernando Caldas.
Em setembro, Ponte de Lima vai comemorar as ‘Feiras Novas 2024’, as festas concelhias que vão realizar-se de dia 4 a 9 do próximo mês, pela celebração litúrgica de Nossa Senhora das Dores, que o calendário católico celebra no dia 15 de setembro.
“Continuam a ter uma grande devoção, com a celebração solene da Eucaristia de Manhã, e depois uma grandiosa procissão à tarde, com a participação de todos aqueles que estão figurados, vestidos de anjos, de santos, o andor da Senhora e também o andor do Senhor dos Passos”, realçou monsenhor José Fernando Caldas.
CB/OC
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