Verão em Missão

O gosto pela missão e pela partida para países longínquos continua a estar no horizonte de muitos jovens portugueses, especialmente nos meses do Verão, para destinos diferentes e novas experiências na promoção humana e na evangelização. Este ano, são 263 voluntários que partem, sobretudo em missões de 1 a 2 meses (198 voluntários), havendo ainda quem opte por tempos de permanência maiores, como períodos de um ano. Cátia Vieira, da Fundação Evangelização e Culturas (FEC) – plataforma que serve de ligação das entidades de voluntariado missionário que existem um pouco por todo o país -, explica ao Programa ECCLESIA que o número de jovens missionários se tem mantido estável ao longo dos últimos anos, procurando ajudar “na área da educação, que é sempre uma aposta, na da saúde e na evangelização, junto da catequese, grupos de jovens e das paróquias”. Esta responsável sublinha a necessidade de formar os voluntários para o trabalho em grupo e para o contacto com culturas e religiões diversas daquelas que se encontram em Portugal. Muitos dos voluntários estão a repetir a experiência, como é o caso de Florbela Maria, da Juventude Hospitaleira. Após ter feito uma experiência de missão em Moçambique durante 20 meses, parte no próximo mês de Setembro, rumo a Timor-Leste, para uma estadia de um ano “com tendência para continuar”. A principal motivação que apresenta é a de fazer “uma experiência de entrega e de serviço concreto”, junto da missão dos Irmãos de São João de Deus, em especial na área da educação. Já com alguns anos de trabalho, Florbela Maria considera que esta experiência não vem interromper a caminhada profissional, mas “enriquecê-la”, afirmando que já se identifica como “missionária”. “Quando estamos com Deus, as coisas ficam mais simples”, assegura. Miguel Jarimba faz parte da Equipa d’África e parte ainda este mês rumo a Moçambique, inserido num grupo de 24 pessoas. A finalizar o curso de Geografia, aproveitou a possibilidade de fazer uma experiência de voluntariado missionário, mostrando-se preocupado em “conhecer o espaço e habituar-se às pessoas”, pronto para fazer de tudo e ajudar “no que for preciso” durante os dois meses que durará a sua missão. Novos protagonistas O voluntariado missionário católico dá assim, mais uma vez, mostras de um grande fôlego, com vários movimentos de diversas regiões do país a deslocarem-se até Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. Os integrantes destes projectos não levam muita coisa na bagagem: t-shirts, os habituais jeans, calções, chinelos e muita energia, porque o calor é muito e o grupo é de gente nova. As motivações, essas, estão na vontade de ajudar o outro e na fé de cada um. A Igreja e a sociedade portuguesas têm-se habituado, ao longo dos últimos anos, a observar com muita atenção estes novos protagonistas da Missão. No terreno vão encontrar uma realidade diferente da sua e integrar-se num projecto específico, pelo que, para tal foi fundamental a formação recebida antes de partir. Já desde 2003, a Agência ECCLESIA vem apresentando aos seus leitores a identidades destes novos missionários, na sua maioria recém-licenciados, que antes de entrar no mundo do trabalho querem colocar o seu saber e vontade ao serviço do outro. A opção missionária, porém, toca também profissionais já efectivos em empresas e ainda casais que, juntos, vivem a fé noutro continente. O voluntariado, com as suas dinâmicas próprias, trouxe uma onda de criatividade à acção missionária da Igreja, conseguindo tocar os corações de muitos jovens, e menos jovens, movimentando sectores mais vastos das comunidades cristãs. A Missão, hoje em dia, aparece como uma realidade mais próxima dos católicos, leigos ou padres, numa dinâmica que mobiliza, cada vez mais, recursos das paróquias, movimentos e associações. Dossier AE Voluntariado missionário

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