Preocupação começa no acolhimento – «Já ameacei alguns padres novos que só os ordeno se souberem inglês», diz D. Manuel Quintas
Faro, 22 ago 2017 (Ecclesia) – Os meses de verão são uma oportunidade e um desafio para a Diocese do Algarve, no sentido de acolher bem todos quantos nesta altura procuram a região para descansar e conhecer outras realidades.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, o bispo do Algarve salienta uma diocese que nesta época se “transforma pela positiva, não só porque é mais gente mas porque é mais gente que traz a sua cultura, a sua língua e que vem sobretudo para usufruir daquilo que esta região do país oferecer”.
“E vêm sobretudo para usufruir particularmente o calor humano, antes de mais, antes de falarmos do calor do sol, falar do calor humano e da alegria com que os algarvios aqueles que nos visitam”, realça D. Manuel Quintas.
De acordo com aquele responsável, “julho e agosto são os meses habituais de enchentes” no Algarve, com tudo isso acarreta em termos de desafios para as forças vivas da região, desde o turismo ao comércio e também para as estruturas católicas.
Isto porque muitas pessoas, nacionais e estrangeiras, buscam também o contacto com o espiritual, a participação na eucaristia, e aproveitam também para procurar a confissão, “para se reconciliarem” com Deus.
Neste sentido, a aposta da diocese algarvia tem passado por áreas como o “acolhimento” e o “aumento do número de eucaristias” para ir ao encontro daquilo que os visitantes “procuram” e ser cada vez mais uma “Igreja aberta” aos outros.
“Aumentamos o número das eucaristias, particularmente nas igrejas do litoral, procuramos também horários adequados aos hábitos das pessoas”, adianta D. Manuel Quintas.
O bispo do Algarve salienta que são cada vez mais “as paróquias que se disponibilizam para horários de missa à noite, às 9h00, 10h00 da noite, aos sábados também”.
“E sabemos que é horários que convêm às famílias”, acrescenta aquele responsável.
Outra aposta tem passado pelo aumento, dentro do possível, do número de igrejas de portas abertas aos visitantes, isto porque “o descanso proporciona momentos de silêncio interior, a procura de algo que a agitação do dia-a-dia não permite responder”.
“O turismo religioso é uma dimensão sempre importante”, mas aqui a intenção passa sobretudo por “um convite”, por dar “resposta” ao “silêncio”, ao “contacto com Cristo que as pessoas procuram”, aponta D. Manuel Quintas.
Voltando à dimensão do acolhimento, este responsável católica sublinha o esforço que tem sido feito junto dos sacerdotes da diocese, no sentido de todos estarem preparados para corresponder às necessidades e especificidades de quem visita a região, em particular quem vem de fora, de outros países.
E neste âmbito, o bispo do Algarve tem estado particularmente atento à formação dos sacerdotes mais novos.
“Vemos que é um serviço que temos que ter em maior consideração, e prepararmo-nos melhor para ele. Eu estou a insistir muito com os padres novos, já ameacei alguns de que só os ordeno se souberem inglês”, revela, com boa disposição.
“É importante acolher, mas acolher as pessoas na própria língua muda tudo”, completa D. Manuel Quintas.
HM/JCP