Venezuela: Conferência Episcopal denuncia pobreza «dramática» da população

Nota dos bispos católicos sublinha crise política, social e económica no país

Caravas, 15 fev 2025 (Ecclesia) – A Conferência Episcopal Venezuelana (CEV) alertou, em nota divulgada esta sexta-feira, para a “dramática situação de pobreza” do país e convidou autoridades a libertar os presos políticos.

“Perante a realidade em que vivemos, é enganador afirmar que foi ultrapassada a crise que o nosso país sofreu nos últimos tempos, que a situação se normalizou e que podemos avançar para situações mais promissoras utilizando as mesmas estratégias e ações usadas até agora”, referem os bispos católicos, na exortação pastoral por ocasião da sua 123ª Assembleia plenária ordinária, citada pela agência Lusa.

O texto, intitulado ‘Construtores de Esperança”, refere que, “mesmo no meio das preocupações e dos medos, permanece na mente da maioria um desejo de mudança e uma atitude de autoaperfeiçoamento e criatividade que ajuda a enfrentar a situação difícil com um espírito positivo e esperançoso”.

Devemos prestar especial atenção à dramática situação de pobreza em que vivem muitos dos nossos concidadãos, devido aos baixos rendimentos, à precariedade dos serviços públicos, educativos e de saúde, e à insegurança jurídica”.

A CEV reitera o “decidido compromisso” da Igreja na Venezuela de “continuar a acompanhar e a ajudar os mais pobres, a partir da nossa própria pobreza e dos nossos recursos limitados”.

A nota critica a “falta de publicação detalhada dos resultados e dos acontecimentos que ocorreram após as eleições [presidenciais] de 28 de julho (…) acontecimentos ainda presentes na consciência coletiva do povo”, lamentam os responsáveis.

Segundo os bispos venezuelanos, para viver “numa sociedade democrática, participativa e protagonista, é preciso recuperar o primado da verdade e da justiça, a dignidade da pessoa e o bem comum, deixando de lado interesses particulares ou partidários”.

A CEV considera “imperativo que os órgãos eleitorais deem sinais claros de imparcialidade e transparência”.

Os bispos pedem aos responsáveis pelas instituições do Estado “que procedam à amnistia ou ao perdão das penas e que implementem itinerários de integração” para os presos.

“Pedimos também condições dignas para todos eles e, em particular, no respeito do devido processo legal e dos direitos humanos e constitucionais, a libertação dos que foram detidos devido às suas posições políticas”, acrescentam.

O documento conclusivo da Assembleia Plenária da CEV deixa também uma palavra para a migração, “uma realidade que tem alcançado proporções dramáticas”.

“As expectativas são de que o número de cerca de oito milhões de migrantes venezuelanos aumente, se as condições económicas, sociais e políticas do país não mudarem significativamente”, advertem os bispos católicos.

OC

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