Conferência Episcopal critica grupos armados afetos ao presidente Maduro que «atropelam» quem protesta
Caracas, 28 jul 2017 (Ecclesia) – A Conferência Episcopal Venezuelana (CEV) reforçou as suas críticas à Assembleia Constituinte, marcada para o domingo, considerando que a iniciativa do Governo presidido por Nicolás Maduro vai agravar os problemas no país sul-americano.
Em comunicado, os bispos católicos sustentam que a Constituinte será “um instrumento parcial e tendencioso que não resolverá, mas agravará, os graves problemas do alto custo de vida, da escassez de alimentos e medicamentos de que sofre a população”.
A CEV adverte que a decisão do executivo de Maduro vai “piorar a profunda crise política” que afeta a Venezuela.
A poucas horas das eleições para a Assembleia Nacional Constituinte (ANC), a Igreja Católica na Venezuela fala de uma iniciativa “inconstitucional”, desnecessária e “prejudicial” para o povo, beneficiando apenas “os partidários” das forças no poder.
A nota aponta o dedo a “grupos civis armados” afetos ao Governo que trabalham em conjunto com a polícia e as forças militares, “atropelando o povo que manifesta o seu descontentamento”.
“A violência não pode ser nunca a forma de resolver os conflitos sociais que se agravam todos os dias na sociedade venezuelana. A repressão desmedida, com um saldo de feridos, mortos e detidos, gera maior violência”, observa a presidência da CEV.
Os bispos católicos alertam para a “irracionalidade” e o uso da “força bruta” por parte das autoridades para travar as manifestações de protesto que se multiplicam por estes dias.
Mais de 105 pessoas morreram nas manifestações pró e anti-Maduro, desde abril.
O padre Arturo Sosa, o religioso venezuelano que é atualmente superior geral dos Jesuítas, associou-se aos apelos da CEV, acusando o executivo presidido por Nicolás Maduro de querer instaurar um “regime marxista”.
Em declarações à Rádio Vaticano, o responsável mundial da Companhia de Jesus convida todas as partes a “fazer da política um verdadeiro instrumento ao serviço da solução dos problemas das pessoas, não uma luta pelo poder”.
A oposição convocou uma greve geral de 48 horas que antecedeu a chamada ‘Tomada da Venezuela’, um conjunto de manifestações nas ruas do país, hoje, para rejeitar a Assembleia Constituinte.
O governo de Nicolás Maduro anunciou esta quinta-feira a proibição de protestos na Venezuela entre hoje e sexta-feira.
Maduro propôs ainda à oposição a criação de uma “mesa de diálogo, de acordo e reconciliação nacional”, antes da eleição dos candidatos para a ANC.
OC