Vice-presidente da Conferência Episcopal destaca a necessidade de «uma mudança de orientação no país a nível sociopolítico e económico»
Caracas, 15 fev 2019 (Ecclesia) – A Conferência Episcopal Venezuelana (CEV), pela voz de D. Mario Moronta, bispo de San Cristóbal, pede ao presidente do país, Nicolás Maduro, para que “abra os olhos” e não ignore o sofrimento e os anseios do povo.
Numa entrevista publicada hoje na página online da CEV, D. Mario Moronta, vice-presidente do referido organismo da Igreja Católica na Venezuela, exorta Nicolás Maduro a “escutar o clamor das pessoas que anseiam não apenas pela liberdade e democracia, mas também por verem salvaguardada a sua dignidade”.
Aquele responsável católico recorda que “desde há vários anos que o povo da Venezuela reclama uma mudança de orientação no país, ao nível sociopolítico e económico”.
“E a Igreja Católica tem insistido na importância do povo ser escutado. A liderança política, os responsáveis sociais e económicos, todos têm de estar ao lado do povo”, reforça D. Mario Moronta.
Na mesma entrevista, o vice-presidente da CEV refere-se ainda a Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional da Venezuela e que já foi reconhecido por vários países, como os Estados Unidos da América, e pelos estados-membros da União Europeia, como o legítimo presidente venezuelano.
Para D. Mario Moronta, Juan Guaidó tem pautado a sua ação por um “protagonismo positivo e assumido em favor do povo”.
No entanto, aquele responsável católico recorda que “as mudanças podem e devem ser realizadas pelo povo venezuelano”, pois são as pessoas que representam “o sujeito social, como indicam os documentos da Igreja”.
Quanto ao papel da Igreja Católica na mediação de todo este conflito, o vice-presidente da Conferência Episcopal Venezuelana frisa o empenho em “construir pontes” e em “fazer tudo o que seja preciso para favorecer uma transição justa e pacífica”.
A missão da Igreja nesta questão inclui “não só ações concretas para a melhoria da qualidade de vida das pessoas mas também a dinamização de “uma tomada de consciência”, da necessidade de “melhorar a situação e a promoção de líderes sociais capazes de apontar ao desenvolvimento integral do país”, frisou D. Mario Moronta.
O bispo de San Cristóbal, em Táchira, enalteceu neste âmbito “a colaboração que tem existido entre a Igreja Católica da Venezuela com as várias Igrejas da América Latina, em especial com Cúcuta, na Colômbia”.
“Isto é uma garantia, porque quando as pessoas acorrem a uma entidade de tipo social e optam pela Igreja, elas vão com a esperança e a segurança de serem atendidas e consideradas na sua condição humana”, aponta aquele responsável católico.
No âmbito da crise social e económica que afeta a Venezuela, foram criadas na Diocese de San Cristóbal várias estruturas de apoio às populações, com a colaboração de diversas Igrejas da América Latina.
Os projetos incluem desde cantinas a centros de acolhimento, para que as pessoas mais desfavorecidas ou que perderam grande parte dos seus bens não fiquem desprotegidas nas ruas ou não caiam nas mãos do crime organizado.
JCP