Assembleia plenária do organismo vai debater presença feminina na Igreja e na sociedade
Cidade do Vaticano, 02 fev 2015 (Ecclesia) – O Conselho Pontifício da Cultura (CPC), organismo da Santa Sé, apresenta hoje à imprensa a sua próxima assembleia plenária, dedicada ao tema ‘Culturas femininas: igualdade e diferença’, em que condena a violência contra as mulheres.
O texto preparatório desta reunião, divulgado na internet, recorda que a violência doméstica é a primeira causa de morte no mundo para as mulheres entre 16 e 44 anos e fala das cirurgias plásticas, para fins estéticos, como “uma burca de carne”.
“A cirurgia estética, quando não é médico-terapêutica, pode expressar agressão à identidade feminina, mostrando a rejeição do próprio corpo enquanto rejeição da vida que se está a atravessar”, pode ler-se.
O documento, texto, elaborado por um grupo de mulheres à luz das considerações pastorais enviadas pelos membros e consultores do CPC, assinala que a prostituição pode ser considerada “a forma mais difundida de escravidão”, mesmo nas sociedades democráticas, denunciando ainda “o aborto seletivo, o infanticídio, as mutilações genitais, os crimes de honra, os matrimónios forçados, o tráfico de mulheres, abusos sexuais, violações”.
“Se é certo que todos os indivíduos gozam de direitos iguais enquanto seres humanos, não há desculpas, sejam do tipo cultural ou social, para legitimar, minimizar o inclusive tolerar a violência de género”, assinala o organismo da Santa Sé.
A assembleia plenária vai decorrer em Roma, quarta-feira a sábado, procurando responder também a questões sobre o papel das mulheres na Igreja Católica.
“Porque é que uma presença tão grande de mulheres na Igreja não incidiu nas suas estruturas? Porquê atribuir à mulher na prática pastoral só aquelas tarefas que lhes atribui um esquema algo rígido de resíduos ideológicos e ancestrais?”, pergunta-se no documento de trabalho.
O texto alude a “um exército de mestras, catequistas, mães e avós” e esclarece que não está em causa a discussão sobre o “sacerdócio feminino”.
“Se como diz o papa Francisco, as mulheres têm um papel central no cristianismo, este papel tem de ter correspondência na vida normal da Igreja”, refere o documento.
Nesse sentido, afirma-se que um “objetivo realista” seria “abrir as portas da Igreja” às mulheres para que estas “ofereçam a sua competência, sensibilidade, intuição, paixão e dedicação, em plena colaboração e integração com a componente masculina”.
Para preparar a sua próxima reunião magna, o CPC lançou uma campanha nas redes sociais com o marcador (hashtag) ‘#LifeOfWomen’ [Vida das Mulheres], partindo de um um vídeo explicativo, em italiano e inglês, disponível no YouTube e no site do dicastério da Cúria Romana.
Os trabalhos mais significativos serão expostos na sessão de abertura da assembleia plenária.
OC