Vaticano: Último retiro de Bento XVI como Papa começou com imagem bíblica do seu futuro na Igreja Católica

Átrio dos Gentios foi o principal marco da ação papal no diálogo com culturas, diz presidente do Conselho Pontifício para este âmbito

Cidade do Vaticano, 18 fev 2013 (Ecclesia) – O último retiro de Bento XVI como Papa começou com uma imagem do que vai ser a sua presença na Igreja Católica a partir de 28 de fevereiro, quando a sua resignação tiver efeito.

O anúncio foi feito este domingo pelo cardeal italiano Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício da Cultura e orientador dos exercícios espirituais de Quaresma da Cúria Romana, que decorrem até sábado no Vaticano, refere a agência de notícias da Santa Sé.

A saudação ao Papa incluiu uma imagem idealmente representativa do “futuro da presença de Bento XVI na Igreja”, que continua “na dimensão vertical, ou seja, na dimensão da senda da altura, aonde ele irá agora, que é justamente o da contemplação, da oração pela Igreja, do ministério feito através da intercessão em favor da comunidade que ele antes conduzira”.

O retiro, pregado pelo especialista em estudos bíblicos, começou ao fim da tarde de domingo e é dedicado ao tema “Ars orandi, ars credendi. O rosto de Deus e o rosto do homem na oração sálmica”.

Para o cardeal Gianfranco Ravasi o balanço do pontificado de Bento XVI no que se refere ao diálogo com as outras culturas foi marcado, acima de tudo, pelo Átrio dos Gentios, plataforma de diálogo entre crentes e não crentes.

A iniciativa, que compreendeu um encontro em Guimarães e Braga a 16 e 17 de novembro de 2012, partiu das palavras de Bento XVI e foi sempre “acompanhada por ele sempre com grande interesse e participação”, disse o prelado.

O Átrio dos Gentios “representa talvez o modelo necessário de comparação entre os valores, num momento em que todos se tornaram opacos ou simplesmente foram colocados de lado”, afirmou.

A relação com a arte constituiu também, segundo o cardeal, uma aposta de Bento XVI, como se verificou com o encontro com os artistas na Capela Sistina, em novembro de 2009, e na exposição sobre os 60 anos de sacerdócio do Papa, realizada em junho de 2011.

“São elementos que mostram que a Igreja quer retornar à grandeza do diálogo com o belo, não somente com o verdadeiro”, observou, acrescentando que Bento XVI deu também relevo à “relação entre fé e razão”.

O prelado salientou que “a cultura foi um elemento indispensável” para caracterizar a ação de Bento XVI e mostrou-se convicto de que as prioridades estabelecidas pelo Papa neste âmbito vão continuar a ser importantes no próximo pontificado, dado que constituem “o retrato do compromisso eclesial no mundo”.

A primeira das três reflexões diárias que o prelado pronuncia durante o retiro vai estar disponível no site da Rádio Vaticano a partir das 18h50 de Lisboa.

O cardeal Ravasi está a publicar mensagens relacionadas com os exercícios espirituais na rede social Twitter, onde conta com quase 36 500 seguidores.

RJM

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Agência ECCLESIA

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