Celebrações congregam milhares de pessoas na capital italiana

Octávio Carmo, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano
Cidade do Vaticano, 26 abr (Ecclesia) – Milhares de pessoas acorrem, desde as primeiras horas da manhã, à Praça de São Pedro para o último adeus ao Papa Francisco, falecido na última segunda-feira aos 88 anos de idade.
As portas abriram às 05h30 (menos uma em Lisboa), sob fortes medidas de segurança e controlos à entrada do espaço onde vai decorrer o primeiro funeral de um Papa reinante em mais de 20 anos – e segundo em mais de 45 –, presidido pelo decano do Colégio Cardinalício, D. Giovanni Battista Re.
O Vaticano informou que cerca de 250 mil pessoas foram à Basílica de São Pedro para se despedir do Papa Francisco, entre as 11h00 de quarta-feira e as 19h00 desta sexta-feira.
Na Praça de São Pedro vão estar mais de 160 delegações oficiais, incluindo a de Portugal.
A cerimónia conclui-se com sepultura na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, na primeira vez que um Papa é sepultado fora do Vaticano desde Leão XIII, que morreu em 1903 e foi enterrado na Basílica de São João de Latrão, a catedral da diocese romana.
A “Missa exequial pelo Romano Pontífice Francisco” inclui elementos que dizem respeito à morte de um pontífice em exercício, como, por exemplo, as súplicas da Diocese de Roma e das Igrejas Orientais, no final da Missa.
Francisco pediu uma simplificação dos ritos, que levou à eliminação do recurso aos tradicionais três caixões – de cipreste, chumbo e carvalho.
Antes da Missa, o corpo é transportado da Basílica de São Pedro para o adro.
A celebração conta com leituras bíblicas diferentes das do funeral de Bento XVI, em janeiro de 2023, sendo a passagem do Evangelho tirada do capítulo 21 de São João, relativa à missão de São Pedro, o primeiro Papa da Igreja Católica.

O presidente da celebração profere a homilia; o cardeal Giovanni Battista Re já tinha celebrado o funeral de Bento XVI no altar, devido às limitações físicas de Francisco, há dois anos.
Após a homilia, os presentes vão rezar por Francisco, para que Deus o “acolha com bondade no seu reino de luz e paz”.
Uma das intenções da oração universal vai ser lida em português, rezando pela justiça e a paz entre as nações.
Após a Comunhão, decorre o rito da ‘Ultima Commendatio’ (última encomendação) e da ‘Valedictio’ (adeus), seguindo-se as orações da Diocese de Roma, pelo vigário-geral, cardeal Baldo Reina, e das Igrejas Orientais.
Os patriarcas, arcebispos maiores e metropolitas das Igrejas ‘sui iuris’ (com direito próprio, mas ligadas a Roma) orientais católicas deslocam-se até junto do caixão, voltados para o altar, num momento de oração pelo “servo de Deus Francisco, bispo”, em grego, do Ofício dos Defuntos da liturgia bizantina, simbolizando a universalidade da Igreja Católica.
Depois destas orações próprias pelo Papa, o presidente da celebração incensa o féretro e asperge-o com água benta, antes da antífona final, a que se segue o regresso do caixão ao interior da Basílica de São Pedro.
As autoridades de Roma instalaram vários ecrãs gigantes nas áreas circundantes ao Vaticano.
Francisco vai ser sepultado, a seu pedido, na Basílica de Santa Maria Maior, onde decorrerá a cerimónia de enterro, com um rito próprio, no local preparado para receber o Papa – o último pontífice ali sepultado foi Clemente IX, em 1669, encontrando-se também na Basílica os túmulos de Honório III, Nicolau IV, Pio V, Sisto V, Clemente VIII e Paulo V.

O Vaticano adiantou que o rito da sepultura é reservado, pelo que não terá transmissão em direto, ao contrário do que vai acontecer com o percurso do carro funerário pelas ruas de Roma, ao longo de um trajeto de cerca de seis quilómetros – com duração prevista de meia hora.
O caixão é transportado para a sepultura, enquanto são entoados salmos, em latim, e o presidente da celebração introduz as intercessões.
Após a oração pelo falecido Papa, o caixão de madeira que contém os restos mortais é selado com os selos do cardeal camerlengo da Santa Igreja Romana, da Prefeitura da Casa Pontifícia, do Departamento para as Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice e do Capítulo Liberiano (conjunto dos cónegos da Basílica de Santa Maria Maior).
O corpo é colocado no túmulo e aspergido com água benta, seguindo-se o canto do ‘Regina Coeli’, que no tempo litúrgico da Páscoa substitui a recitação do ângelus.
O notário do Capítulo Liberiano lavra o “ato autêntico”, que serve de prova do enterro e lê-o aos presentes.
Em seguida, o documento é assinado pelo cardeal camerlengo, pelo regente da Casa Pontifícia, pelo mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias e pelo próprio notário.
O túmulo foi feito em mármore proveniente da Ligúria (Itália), região natal dos avós do Papa, apenas com a inscrição ‘Franciscus’ e a reprodução da sua cruz peitoral, a pedido do próprio.
Francisco vai ser sepultado no nicho do corredor lateral entre a Capela Paulina (Capela da ‘Salus Populi Romani’) e a Capela Sforza da Basílica de Santa Maria Maior, perto do altar de São Francisco.
OC