Vaticano: «Teologia terá de enfrentar profundas transformações culturais», Francisco

Papa escreve à Academia Pontifícia de Teologia, sublinhando mudanças exigidas por uma Igreja sinodal

Foto: Ricardo Perna

Cidade do Vaticano, 02 nov 2023 (Ecclesia) – O Papa Francisco atualizou os estatutos da Academia Pontifícia de Teologia, com o Motu Proprio ‘Ad theologiam promovendam’, afirmando que “a teologia terá de enfrentar profundas transformações culturais”.

“Para promover a teologia no futuro, não podemos limitar-nos a propor abstratamente fórmulas e esquemas do passado. Chamada a interpretar profeticamente o presente e a vislumbrar novos itinerários para o futuro, à luz da Revelação, a teologia terá de enfrentar profundas transformações culturais”, escreve o Papa na carta apostólica divulgada pelo Vaticano, esta quarta-feira.

Instituída canonicamente por Clemente XI, em 23 de abril de 1718, com o breve Inscrutabili, para “colocar a teologia a serviço da Igreja e do mundo”, a Academia Pontifícia de Teologia evoluiu ao longo dos anos como um “grupo de estudiosos chamados a investigar e aprofundar temas teológicos de particular relevância”.

Segundo Francisco, após quase 50 anos, “chegou o momento de rever estas normas”, para torná-las “mais adequadas à missão” que este tempo impõe à teologia: “Uma Igreja sinodal, missionária e ‘em saída’ só pode corresponder a uma teologia ‘em saída’”.

O Papa escreve que é necessária “uma teologia fundamentalmente contextual”, capaz de ler e interpretar o Evangelho “nas condições em que os homens e as mulheres vivem diariamente, nos diferentes ambientes geográficos, sociais e culturais”, abrindo-se ao mundo e ao homem, “com seus problemas, suas feridas, seus desafios, suas potencialidades”, é chamada a “uma corajosa revolução cultural”.

“A teologia só pode desenvolver-se numa cultura de diálogo e de encontro entre diferentes tradições e diferentes conhecimentos, entre diferentes confissões cristãs e diferentes religiões, comprometendo-se abertamente com todos, crentes e não crentes. A necessidade do diálogo é, de facto, intrínseca ao ser humano e a toda a criação”, desenvolve.

No Motu Proprio, o Papa assinala a contribuição que a teologia pode dar ao debate atual de “’repensar o pensamento’, mostrando-se ser um verdadeiro saber crítico na medida em que é um conhecimento sapiencial”, um saber que não deve ser “abstrato e ideológico, mas espiritual”.

“Atento à voz do povo, portanto teologia ‘popular’, misericordiosamente dirigida às feridas abertas da humanidade e da criação e nas dobras da história humana, para a qual profetiza a esperança de uma realização final. Este é o ‘selo’ pastoral que a teologia como um todo, e não apenas numa área particular, deve assumir”, acrescenta.

O presidente da Academia Pontifícia de Teologia, D. Antonio Staglianò, salientou que é uma nova missão, divulga o portal ‘Vatican News’: “Promover, em todas as esferas do saber, o confronto e o diálogo para alcançar e envolver todo o povo de Deus na pesquisa teológica, de modo que a vida do povo possa se tornar vida teologal”.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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