Padre Alberto Brito e deputada Isabel Galriça Neto sublinham que eventuais mudanças na Igreja são complexas e implicam todos os católicos
Lisboa, 27 mar 2013 (Ecclesia) – O superior em Portugal dos Jesuítas, congregação religiosa a que o novo Papa pertence, declarou esta terça-feira que ficou impressionado com a “reação grande, a quente, de cristãos e não cristãos” perante a eleição de Francisco.
Num encontro organizado em Lisboa por três jornalistas que acompanharam no Vaticano o Conclave e os primeiros dias do pontificado, o padre Alberto Brito manifestou a certeza de que a adesão ao Papa é “sinal de que há uma sede maior do que parece”.
O religioso sublinhou que na primeira saudação pública após a eleição, dirigida aos fiéis reunidos na Praça de São Pedro, no Vaticano, o Papa juntou as palavras “bispo” e “povo” para salientar que ambos devem convergir “para o bem da Igreja e do mundo”, num “diálogo que deve continuar”, mesmo que com alguma “tensão à mistura”.
Depois de referir que “o maior problema do cristianismo” é a “separação entre a oração e a ação, entre a vida e a fé”, o sacerdote disse esperar que se “deem passos” para atenuar essa “dualidade”.
O padre Alberto Brito salientou que “é complexa a reforma de uma realidade tão vasta como é a Igreja”, até porque “as mudanças profundas são lentas”, e mostrou-se descrente numa renovação feita “a partir de um decreto” de Francisco ou de qualquer outro Papa.
Isabel Galriça Neto, deputada do CDS-PP, também se centrou nas expectativas de mudança no catolicismo, tendo frisado que as transformações implicam igualmente os fiéis.
“Como há um conjunto de coisas que queremos que mudem, e porque o difícil é mudar, projetamos a necessidade de mudança no Papa”, dado que é “confortável” projetar as reformas noutra pessoa, assinalou a médica.
A parlamentar destacou a riqueza da comunicação não verbal do Papa, “muito bom a transmitir afabilidade, simplicidade e afeto”, sinais que para a especialista em Cuidados Paliativos “traduzem carisma”.
A conferencista realçou que o relevo dado ao sucessor de Bento XVI não se resume ao simbolismo: “O Papa foi já falando sobre coisas que vão além do acessório. Enquanto crente considero que isso é um aspeto fundamental, pelo que não sou das que persiga a ideia de que não existe nele densidade ou qualidade intelectual”.
“Olhar para a figura do Papa, deste ou de qualquer outro, é fundamental na medida em que seja facilitador do nosso encontro pessoal com Cristo”, frisou ainda Isabel Galriça Neto.
O encontro contou igualmente com as intervenções da teóloga Teresa Toldy e do frei Fernando Ventura, religioso Franciscano Capuchinho.
RJM