Cidade do Vaticano, 11 fev 2016 (Ecclesia) – O Papa Francisco pediu hoje aos sacerdotes da Diocese de Roma que sejam “grandes perdoadores” alertando-os para a “doença do clericalismo” porque são “servidores, não príncipes", num encontro de início da Quaresma, da Basílica São João de Latrão.
“Se o Senhor quer um Jubileu de Misericórdia é para que exista a misericórdia na Igreja, para que os pecados sejam perdoados. E não é fácil, porque a rigidez, muitas vezes, vem de nós, somos rígidos ou mandões”, disse o Papa aos padres da sua diocese pedindo-lhes que entendam e perdoem as pessoas.
Francisco observou que “Deus perdoa sempre, perdoa tudo”, recordando que “muitas pessoas” sofrem hoje com problemas familiares, pela falta de trabalho, porque “não conseguem libertar-se do pecado”.
O pontífice argentino, que confessou alguns padres, disse que estas pessoas “encontram sempre” nos sacerdotes “um pai”.
“Às vezes não se pode dar a absolvição mas que pelo menos sintam que existe ali um pai”, sublinhou esta manhã, na Basílica São João de Latrão.
“Eu não te dou o Sacramento mas abençoo-te porque Deus quer-te bem. Não percas a coragem, sigue em frente e volta”, exemplificou o Papa sobre o que é um pai que “não deixa que o filho vá para longe”.
Neste contexto, Francisco destacou que o “carinho da palavra” de um padre faz “tão bem, tão bem” que realiza “milagres”.
Afinal as feridas das pessoas devem ser curadas “como fazem num hospital o médico ou uma enfermeira”.
“Não maltratem as pessoas, acariciem-nas como nos acaricia Deus”, frisou o Papa argentino, observando que os sacerdotes podem aliviar o sofrimento.
Francisco alertou também os sacerdotes para a doença do clericalismo que “todos” têm, algo a que ele próprio não está imune: “Todos temos, não somos príncipes, não somos donos. Somos servidores das pessoas, a misericórdia é Jesus, o Pai enviou Jesus", sustentou.
“Se tu não acreditas que Deus veio na carne, és o anticristo. Não sou eu que digo, é o apóstolo João”, prosseguiu o Papa afirmando que o “Senhor confiou” aos sacerdotes a missão de “irem ajudar as pessoas, com humildade e misericórdia”.
“A misericórdia é Deus que se fez carne. É amor, abraço do Pai, é ternura, é capacidade de entender, de colocar-se no lugar do outro”, assinalou Francisco comentando que quando uma pessoa vai ao confessionário é porque “sente que alguma coisa não está bem, que gostaria de mudar ou pedir perdão”, mesmo que não fale.
E quando uma pessoa vai ao confessionário não é que queira, certamente não gostaria de fazer o mesmo novamente”, acrescentou.
Francisco exortou ainda aos sacerdotes da Diocese de Roma que “sejam misericordiosos como o Pai”, ou seja, “grandes perdoadores” e agradeceu pelo trabalho que fazem.
“Eu acredito que neste ano haverá horas extras que não vos serão pagas mas que o Senhor nos dê a alegria de ter as horas extras de trabalho para sermos misericordiosos como o Pai”, concluiu.
Antes deste encontro, o Papa visitou a Basílica Santa Maria Maior onde confiou a Maria Salus Popoli Romani a sua viagem apostólica ao México, que começa esta sexta-feira.
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