Jovem da Rede Cuidar da Casa Comum salienta que um sínodo «não se faz à margem de uma dimensão que transcende»
Leiria, 02 out 2023 (Ecclesia) – A Associação R3C – Rede Cuidar da Casa Comum encerrou o seu encontro ‘Também Somos Terra’ 2023 em sintonia com a vigília ecuménica de oração ‘Together’ (juntos), que se realizou no Vaticano pelo Sínodo dos Bispos, que começa esta quarta-feira.
“A vigília é importante na medida em que vem pôr em cima da mesa grandes problemáticas nas quais nos devemos centrar e também devemos rezar por elas”, assinalou Pedro Silva Rei, em declarações à Agência ECCLESIA, no Seminário de Leiria.
Convocada pelo Papa Francisco, e com a organização da Comunidade monástica de Taizé, que organizou um programa mais alargado, a vigília ecuménica de oração ‘Together’ (juntos), pela próximo Sínodo dos Bispos, reuniu milhares de jovens de 50 países, este sábado, na Praça de São Pedro, no Vaticano.
Pedro Silva Rei, um dos organizadores da oração ecuménica da Associação R3C, realçou que a vigília no Vaticano tinha “a virtude”, sobretudo, de centrar os participantes na oração, e como, “a oração em função da sua aparente inutilidade”, convoca para refletir e problematizar questões que são “transversais ao quotidiano, à vida, e às problemáticas da justiça e da ecologia”.
“Estas questões do sínodo e da ecologia integral, do cuidado da casa comum e da luta pela justiça social e climática não se faz, pelo menos no âmbito confessional das Igrejas Cristãs, à margem de uma experiência de intimidade que passa necessariamente pela oração. Um sínodo não se faz à margem de uma dimensão que nos transcende”, desenvolveu o jovem elemento da Comissão Executiva Rede Cuidar da Casa Comum.
A vigília ecuménica de oração, presidida pelo Papa Francisco no Vaticano, decorreu na presença do patriarca ecuménico de Constantinopla (Igreja Ortodoxa), Bartolomeu, do arcebispo de Cantuária (Igreja Anglicana), Justin Welby, Anne Burghardt, primeira mulher no cargo de secretária-geral da Federação Luterana Mundial, entre outros.
João Luís Fontes, da Comissão Executiva Rede Cuidar da Casa Comum, destaca que esta dimensão ecuménica da vigília, hoje, “ganha precisamente esta força de perceber”, ou de regressar àquilo que foi a “intuição profunda” do Concílio Vaticano II, isto é, falar em primeiro lugar da Igreja como povo de Deus “e partir da raiz principal que é a vocação comum dos batizados”.
“E se partirmos daí percebemos, que nessa dinâmica, estamos profundamente unidos a todos aqueles que reconhecem o mesmo batismo e reconhecem o mesmo Senhor”, acrescentou.
Já Pedro Silva Rei destacou a importância da dimensão ecuménica num tempo em que há “uma tendência para um recrudescimento dos fenómenos identitários, securitários, nacionalistas”, em que o fenómeno religioso “interage, muitas vezes, como potenciador ou gatilho”.
“Creio que Francisco ao alargar o Sínodo também às questões do ecumenismo nos dá um sinal muito interessante do cuidar da cultura democrática num sentido mais lato que não apenas a questão de regime”.
A primeira sessão XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, sobre o tema ‘Para uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão’, decorre a partir de quarta-feira, de 4 a 29 de outubro.
O jovem investigador, recordou que “pela primeira vez” mulheres e leigos vão “votar numa assembleia sinodal”, por uma decisão do Papa, “e isso não é apenas um piscar de olho aos jovens mas é um piscar de olho à própria sociedade”.
“O modo como a Igreja tem a capacidade ou não de ir lendo os sinais dos tempos em função dessa leitura e de um exercício hermenêutico, muitas vezes difícil, ter a capacidade de se ir ajustando e reajustando, não em função, e modas, mas daquilo que são as necessidades do tempo presente, para os quais tem que dar resposta”, acrescentou.
Na sua quinta edição, os encontros ‘Também Somos Terra’, da Associação ecuménica R3C, realizam-se no ‘Tempo da Criação’, e terminam com um momento de oração; este ano destacou-se um momento de bênção com água.
CB/OC
