Vaticano: Segunda parte da Laudato Si é «revisão desde a COP Paris»

«Os jovens pensam no futuro», disse Francisco, reafirmando que nova exortação apostólica é publicada no dia de São Francisco de Assis

Cidade do Vaticano, 04 set 2023 (Ecclesia) – O Papa Francisco disse hoje, aos jornalistas, que a publicação de uma segunda parte da ‘Laudato Si’, uma atualização do documento ecológico integral, é uma “revisão do que aconteceu desde a COP de Paris, talvez a mais frutífera”.

“Há algumas notícias sobre algumas COP’s e algumas coisas que ainda não foram resolvidas, e há uma urgência em resolvê-las. Não é tão grande quanto a ‘Laudato Si’, mas é levar em frente a Laudato si’, para coisas novas, e também uma análise da situação”, explicou o Papa, no voo de regresso a Roma da visita apostólica à Mongólia.

O Papa Francisco anunciou, na quarta-feira, dia 30 de agosto, que quer publicar uma segunda parte da encíclica ‘Laudato Si’, desta vez uma exortação apostólica, onde atualiza as questões sobre o cuidado com a criação, no dia 4 de outubro, festa de São Francisco de Assis e encerramento da iniciativa ecuménica ‘Tempo da Criação’.

“É uma revisão do que aconteceu desde a COP de Paris [Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas – COP 21, em 2015], que talvez tenha sido a mais frutífera até o momento”, afirmou.

Questionado se a sua atualização da ‘Laudato si’ pode ser a demonstração de solidariedade com ativistas ambientais, como a ‘Última Geração que fazem “protestos inacreditáveis”, o Papa explicou, “de modo geral”, que não se aproxima “desses extremistas”, e destacou a preocupação dos jovens com este tema.

“Os jovens pensam no futuro. E, nesse sentido, gosto que eles vão à luta, mas quando a ideologia ou a pressão política tem algo a ver com isso, não dá certo”, observou, lê-se no ‘Vatican News’, o portal de notícias do Vaticano.

Francisco publicou a sua encíclica ‘Laudato si’, um documento social e ecológico, em 2015; cinco anos depois (18 junho 2020), o Vaticano apresentou um “manual” de aplicação deste documento, com mais de 200 recomendações em defesa do ambiente e da vida humana.

O ‘Papa das periferias’, que costumava visitar as ‘villas miserias’ em Buenos Aires, foi questionado sobre o que podem fazer a Igreja e as instituições do Estado para que as periferias sejam verdadeiramente parte de cada país, a partir do exemplo da Itália, onde episódios muito preocupantes de violência, de degradação, como perto de Nápoles.

Foto Vatican News

“É preciso ir em frente, ir lá e trabalhar ali, como se fazia em Buenos Aires com os sacerdotes que trabalhavam nesses locais: uma equipa de sacerdotes com um bispo auxiliar à frente e trabalha lá. Devemos estar abertos a isto, os governos devem estar abertos, todos os governos do mundo, mas há periferias que são trágicas. Volto para uma periferia escandalosa que se procura encobrir: a dos Rohingya. Os Rohingya sofrem, não são cristãos, são muçulmanos, mas sofrem porque foram convertidos em periferia, foram expulsos”, explicou.

Segundo Francisco, é preciso ver os “diferentes tipos de periferias” e aprender que a periferia “é onde a realidade humana é mais evidente e menos sofisticada”, defendendo que se deve “dialogar com as periferias e os governos devem fazer verdadeira justiça social”, que é “dialogar com as diversas periferias sociais e também com as periferias ideológicas”.

“Muitas vezes é alguma periferia ideológica refinada que provoca as periferias sociais. O mundo das periferias não é fácil. Obrigado”, acrescentou, e explicou também o significado das suas palavras aos jovens russos, reunidos em encontro nacional no final de agosto, sobre “assumir a sua herança”, uma mensagem que repete “sempre em todos os lugares”, e “não pensava no imperialismo” russo.

CB/PR

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Agência ECCLESIA

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