Vaticano: Secretário de Estado em visita a Moçambique

Cardeal Parolin participou na cerimónia comemorativa do 30º aniversário das relações diplomáticas bilaterais

Foto: Vatican Media

Cidade do Vaticano, 09 dez 2025 (Ecclesia) – O Secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, esteve na Nunciatura Apostólica, em Maputo, juntamente com o Presidente da República, Daniel Chapo, na cerimónia comemorativa do 30º aniversário das relações diplomáticas entre Moçambique e a Santa Sé.

Uma “ligação especial de cooperação”, baseado não em “interesses políticos ou temporais”, mas na colaboração em áreas relacionadas com a “dignidade da pessoa, os seus direitos inalienáveis, o seu desenvolvimento integral, a liberdade religiosa, a defesa da paz, a promoção da justiça e o cuidado com a nossa casa comum, a Terra”, lê-se no site VaticanNews.

É este o laço que une a Santa Sé e Moçambique, enaltecido pelo Secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, ao falar, no dia 05 de dezembro, na Nunciatura Apostólica, em Maputo, durante a cerimónia comemorativa, juntamente com o Presidente da República, Daniel Chapo, do 30º aniversário das relações diplomáticas entre os dois países.

O cardeal, que se encontra de visita a Moçambique de 05 a 10 de dezembro 2025, destacou a longevidade das relações, sinal do reconhecimento, por parte de Moçambique, da “dimensão religiosa e moral dos problemas humanos”.

Assim, os dois Estados “podem, e sobretudo devem encontrar-se em nome da humanidade”, que, esclareceu o Cardeal, “deve ser considerada na sua integridade, em toda a plenitude e riqueza multifacetada da sua existência espiritual e material”.

Como prova da “amizade” e “proximidade” entre a Santa Sé e a República de Moçambique – que este ano celebra também o 50º aniversário de Independência –  Parolin recordou as visitas de São João Paulo II e do Papa Francisco ao país, em 1988 e 2019, respetivamente, e os numerosos encontros no Vaticano com vários presidentes.

Tal como o mundo inteiro, “Moçambique também deseja a paz”, afirmou o Secretário de Estado, recordando o “grave conflito, marcado pela violência e pela morte”, que afeta o país desde o ano passado, após as eleições.

Durante esses tempos “difíceis e tensos”, os bispos católicos de Moçambique exortaram “a não ceder à tentação do conflito e da violência”, encorajando os católicos e as pessoas de boa vontade “a dedicar um momento de oração pela paz todos os dias”.

Desde então, prosseguiu o cardeal, Moçambique “abriu-se à esperança” e empenho político em alcançar acordos para a revisão constitucional e a reforma de vários aspetos do sistema de governo, com o objetivo de promover a transparência e combater a corrupção.

“Uma grande oportunidade que não pode ser desperdiçada”, acrescentou, alertando que a história ensina que “a chave para uma estabilidade política e social saudável é saber antecipar e responder às necessidades da sociedade através de reformas graduais que melhorem a vida das pessoas”.

O cardeal deteve-se depois sobre a província de Cabo Delgado, “vítima da insegurança, da violência e do terrorismo, que continuam a provocar mortes e milhares de deslocados”, e no sofrimento destas pessoas, pelas quais o Papa fez apelos, instando os dirigentes do país “a restabelecer a segurança e a paz naquele território”.

Perante um conflito com causas “múltiplas e complexas”, não podemos esquecer “a componente religiosa”, que, frisou, “infelizmente está a ser mal utilizada nos dias de hoje”.

Durante séculos, diferentes religiões, “sobretudo o cristianismo e o islamismo, coexistiram em Moçambique em paz, harmonia e respeito mútuo”, reiterou, sublinhando que o radicalismo religioso e o terrorismo “não fazem parte da alma moçambicana”.

No meio desta situação dolorosa, o Secretário de Estado manifestou a sua admiração pelos esforços desenvolvidos por indivíduos e instituições “para ajudar as populações deslocadas que vivem em situações precárias e vulneráveis, particularmente crianças, idosos e mulheres”.

Para a plena implementação do Acordo de 2011, Parolin mencionou, de seguida, o “Acordo sobre Princípios e Disposições Jurídicas”, assinado em Maputo em 2011 para regular e promover a “colaboração saudável” entre o Estado moçambicano e a Igreja Católica, “respeitando a independência e a autonomia de cada uma das partes”.

Após catorze anos de vigência, “todos desejamos avançar ainda mais na plena implementação do Acordo” – afirmou o cardeal – “com o objetivo de facilitar o serviço que as dioceses, os institutos religiosos e os missionários oferecem, com generosidade e amor cristão, ao povo moçambicano, especialmente aos mais pobres, às crianças, aos idosos, aos doentes e aos marginalizados”.

Em conclusão, Parolin transmitiu as saudações e a bênção do Papa, que “tem Moçambique no coração”.

LFS

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