Vaticano: Responsável pelo Centro para a Proteção de Menores em Roma considera «injustas» críticas da ONU

Padre Hans Zollner abordou recente relatório das Nações Unidas sobre a atuação da Igreja Católica em matéria de abusos sexuais

Cidade do Vaticano, 07 fev 2014 (Ecclesia) – O responsável pelo Centro para a Proteção de Menores da Universidade Pontifícia Gregoriana, em Roma, considera “injustas e desproporcionadas” as críticas das Nações Unidas quanto à atuação da Igreja Católica em matéria de abusos sexuais.

Em entrevista à Rádio Vaticano, o padre Hans Zollner realça que o recente relatório da Comissão de Direitos da Infância da ONU, sobre a Santa Sé, “não leva em consideração” o esforço que a Igreja Católica tem sido feito, primeiro no pontificado de Bento XVI e agora com o Papa Francisco, no sentido de “combater os abusos”.

O sacerdote considera também incompreensível que no relatório “tenham entrado temáticas como o aborto, a contraceção e a homossexualidade”, que “não estão relacionados” com a questão dos abusos.

Para o sacerdote, é como se “alguém quisesse inserir esses temas como que para dizer: a Igreja deve intervir sobre a moral sexual, de modo que assim colocamos a questão”.

O relatório da ONU, publicado na última quarta-feira na sequência de uma audiência com uma delegação da Santa Sé, em Genebra, na Suíça, aponta o dedo a um alegado “código de silêncio” da Igreja Católica sobre casos de abusos sexuais envolvendo membros do clero ou à prática de transferir párocos suspeitos de abusos.

Na opinião do padre Hans Zollner, “é injusto apontar o dedo a estas coisas, das quais, como se sabe, os Papas e a própria Congregação para a Doutrina da Fé há anos têm falado como sendo uma chaga aberta no corpo da Igreja”.

Por um lado, o sacerdote acredita que as críticas poderão “certamente” ser “um estímulo” para a Igreja Católica “seguir adiante” no caminho que está a trilhar, na resposta a este problema.

No entanto, reconhece que “uma depreciação como a desta Comissão – ao menos em algumas partes do relatório”, acaba por ser um duro golpe, porque “nada é reconhecido” ou “levado em consideração“.

“A Igreja está a levar adiante, como nenhuma outra instituição mundial, o combate aos abusos sexuais: houve erros, pecados e crimes por parte de membros da Igreja e inclusivamente por parte de sacerdotes. Mas dizer que a Igreja não faz exatamente nada, não me parece objetivo”, reforça aquele responsável.

O coordenador do Centro para a Proteção de Menores da Universidade Pontifícia Gregoriana recorda ainda que, ao contrário do que a ONU parece inferir, a Santa Sé “não funciona como um órgão de fiscalização de cada católico, de cada Igreja local, de cada paróquia, de cada diocese”.

JCP 

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Agência ECCLESIA

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