Vaticano responde a críticas sobre as celebrações litúrgicas do Papa em África

A visita de Bento XVI aos Camarões e a Angola serviu para impulsionar a fisionomia de um “cristianismo africano”, explica o jornal do Vaticano, “L’Osservatore Romano”, num artigo que sublinha “o apreço do Papa pelas manifestações culturais e litúrgicas locais”. Mario Ponzi, jornalista que acompanhou a visita, refere que a Igreja em África está a intensificar “uma atenta obra de inculturação do Evangelho e de integração da expressividade cultural típica do continente nas celebrações litúrgicas”. “Durante a viagem, em algumas ocasiões, os africanos manifestaram a Bento XVI como estão a avançar neste caminho”, constata. O momento mais importante, neste sentido, foi a celebração da Missa no estádio Amadou Ahidjo, em Yaoundé, para a entrega do «Instrumentum Laboris» (documento de trabalho) do próximo Sínodo dos Bispos africanos. “Cantos sagrados, ritmados pelos instrumentos tradicionais das tribos africanas, entronização do Evangelho em andores de madeira, levados por jovens vestidos com os trajes tradicionais, precedidos e seguidos por grupos de jovens que levavam palmas” deram um colorido especial à celebração eucarística. “Mas foram sobretudo os cantos de um coro de 60 mil pessoas que mostram exactamente até que ponto os africanos têm necessidade de continuar a ser eles mesmos próprios”, acrescenta o jornalista. O Papa, assegura, “julgou de forma favorável as manifestações da cultura africana propostas durante a sua viagem”. Numa resposta às críticas que foram feitas a Bento XVI pelas suas considerações sobre as celebrações litúrgicas neste continente, o Osservatore Romano refere que o Papa “só recordou que não se deve perder a solenidade, a integridade e a compostura da própria celebração”. Bento XVI defendeu em Yaoundé que “é essencial que a alegria” manifestada nas celebrações africanas, tradicionalmente “festivas e animadas, exprimindo o fervor dos fiéis”, não seja “obstáculo, mas meio para entrar em diálogo e comunhão com Deus, através de uma real interiorização das estruturas e palavras de que se compõe a liturgia”.

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