«Não podemos continuar com a Igreja Católica africana a depender sempre das ajudas de Roma», sublinha Francisco Pacavira
Paulo Rocha, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano
Cidade do Vaticano, 14 mar 2013 (Ecclesia) – Francisco Pacavira, jornalista angolano que esta quarta-feira assistiu à primeira intervenção pública do novo Papa, considera que a presença de África nas estruturas centrais do Vaticano deve ser reforçada.
“Um dos primeiros desafios do Papa é o aspeto da representatividade. África não está representada na hierarquia da Igreja”, declarou à Agência ECCLESIA.
A “independência económica” deverá ser outras das questões prioritárias deste pontificado: “Não podemos continuar com a Igreja Católica africana a depender sempre das ajudas de Roma”.
O jornalista católico angolano espera que o Papa Francisco “dê instrumentos para que a Igreja possa aprender a ser independente”, nomeadamente no que diz respeito ao “sustento do clero e à ajuda aos pobres”.
O enfraquecimento do cristianismo, que se manifesta na “falta de seminaristas”, constitui também uma preocupação para Francisco Pacavira: “O secularismo está a avançar em África mais depressa do que esperávamos”.
A eleição de um Papa não europeu é “muito positiva”: “Quem caminha à frente dos outros pode não perceber o que se passa atrás; mas quem caminha atrás, vindo do Sul, sabe o que se passa noutros âmbitos e poderá dar as respostas que muitos esperam”.
Testemunhar as primeiras palavras do Papa homónimo foi um momento que Francisco “não esperava viver”: “Vendo que havia poucos angolanos, e também poucos africanos, decidi que ia ficar, aproveitando que trazia a bandeira de Angola”.
“Senti-me parte de uma mesma Igreja, o que às vezes não acontece”, salientou.
PR/RJM