O antigo Secretário do Vaticano para as relações com os Estados, Arcebispo Giovanni Lajolo, reafirmou perante a Assembleia Geral da ONU a vontade da Igreja Católica em dialogar com o mundo islâmico. D. Lajolo, actual governador do Estado da Cidade do Vaticano, citou a intervenção de Bento XVI na audiência geral de 20 de Setembro, em que o Papa explicou o alcance da sua lição na Universidade de Regensburg, durante a visita pastoral à Baviera. O representante católico explicou que se tratava de rejeitar a violência em nome da religião “no contexto de uma visão crítica de uma sociedade que tenta excluir Deus da vida pública”. O discurso do enviado da Santa Sé à 61ª sessão da Assembleia, que se concluiu sexta-feira, foi publicada esta manhã pela sala de imprensa da Santa Sé. O Arcebispo Giovanni Lajolo assegurou que o Papa está “triste” com a má interpretação que está a ser feita das suas palavras e reafirmou o seu compromisso em favor do diálogo. “Cabe a todas as partes interessadas – a sociedade civil bem como os Estados – promoverem a liberdade religiosa e uma sã tolerância social, que irá desarmar os extremistas mesmo antes que eles possam corromper os outros com o seu ódio pela vida e a liberdade”, apontou o Arcebispo italiano. Segundo este responsável, “a motivação religiosa para a violência, qualquer que seja a sua fonte, deve ser rejeitada firme e claramente”, mas os responsáveis políticos não podem minimizar o contributo da visão religiosa do mundo e da humanidade. O direito à liberdade religiosa, de pensamento e de expressão foram outros pontos abordados. Para D. Lajolo, o respeito por estes direitos é fundamental “para a realização de cada pessoa, para o respeito pelas culturas e para o progresso da ciência”. Lembrando que o mundo está “divido por cultura, fé, riqueza e níveis de progresso material”, o representante católico condenou as acções dos grupos terroristas e a actual corrida ao armamento nuclear, manifestando a sua preocupação com o facto deste material poder vir a ser utilizado em cenários de guerra. À ONU, a Santa Sé deixou estímulos para que cumpra a sua missão, em especial no campo da defesa dos Direitos Humanos e da manutenção da paz, mas lamentou a demora do Conselho de Segurança da ONU no recente conflito entre Israel e o Hezbollah, no Líbano. Para a Santa Sé, a melhor maneira de prevenir a guerra é atacar as suas causas: “as injustiças sofridas, a falta de progresso, democracia, direitos humanos e do papel da lei”. A fome, a pobreza e o fenómeno crescente das migrações exigem, por isso, uma resposta da comunidade internacional. As explicações do Papa • Respeito profundo pelo Islão