Vaticano reafirma «exclusividade» católica

Documento da Congregação para a Doutrina da Fé considera que a única Igreja de Cristo é a Católica A Congregação para a Doutrina da Fé publicou hoje um novo documento, intitulado “Respostas a dúvidas sobre alguns aspectos relativos à doutrina sobre a Igreja”. Na linha da declaração “Dominus Iesus” do ano 2000, assinada pelo então Cardeal Joseph Ratzinger, o texto vem combater o relativismo eclesiológico e definir a Igreja Católica como a única Igreja de Cristo. O ponto fulcral das cinco respostas apresentadas – com o objectivo de refutar algumas interpretações erróneas ou redutivas da doutrina do Concílio Vaticano II – está no retomar daa questão em volta da expressão “subsistit in”, presente no número 8 da Constituição Dogmática Conciliar “Lumen Gentium”: a “Igreja, como sociedade constituída e organizada neste mundo, subsiste [subsistit in] na Igreja Católica”. A Congregação para a Doutrina da Fé sublinha que a Igreja de Cristo não difere ou se distingue da Igreja Católica, a única que possui “todos os elementos” da Igreja instituída por Jesus. O debate em torno da palavra “subsiste” levou a que muitos defendessem que Jesus não queria, de facto, fundar uma Igreja e que, caso o tivesse feito, ela seria plural. No novo documento pode ler-se que Cristo “constituiu sobre a terra” uma única Igreja e instituiu-a como “grupo visível e comunidade espiritual”, que “desde a sua origem e no curso da história sempre existe e existirá, e na qual só permaneceram e permanecerão todos os elementos por Ele instituídos”. Na Constituição dogmática Lumen Gentium, “subsistência é esta perene continuidade histórica e a permanência de todos os elementos instituídos por Cristo na Igreja Católica”. Para Joseph Ratzinger, o “subsistit in” era sinónimo de “existe realmente”. Na “Dominus Iesus”, o então Cardeal defendia que o Concílio Vaticano II “quis harmonizar duas afirmações doutrinais: por um lado, a de que a Igreja de Cristo, não obstante as divisões dos cristãos, continua a existir plenamente só na Igreja Católica. O novo documento da Congregação para a Doutrina da Fé tem a data de 29 de Junho, festa de São Pedro e São Paulo, e é assinado pelo Cardeal William Levada e o Arcebispo Angelo Amato, respectivamente prefeito e secretário da Congregação, com ratificação e aprovação de Bento XVI. O texto nega que tenham existido mudanças na doutrina católica sobre a Igreja com o Concílio, mas um desenvolvimento. “O Concílio Ecuménico Vaticano II não quis modificar essa doutrina nem se deve afirmar que a tenha mudado; apenas quis desenvolvê-la, aprofundá-la e expô-la com maior fecundidade”, refere o texto, na primeira resposta. Por outro lado, explica-se o motivo pelo qual as Igrejas Ortodoxas são definidas como Igreja: evidencia-se, a este respeito, a presença dos sacramentos e da sucessão apostólica dos bispos orientais, apesar das divisões. O título não é atribuído às outras comunidades cristãs nascidas da Reforma, dado que as mesmas não têm sucessão apostólica ou sacramento da ordem, faltando a “substância integral do mistério eucarístico”. Nestas observações não se nega que existam numerosos elementos de santificação e de verdade fora da Igreja Católica. “Enquanto, segundo a doutrina católica, é correcto afirmar que, nas Igrejas e nas comunidades eclesiais ainda não em plena comunhão com a Igreja católica, a Igreja de Cristo é presente e operante através dos elementos de santificação e de verdade nelas existentes, já a palavra ‘subsiste’ só pode ser atribuída exclusivamente à única Igreja Católica”, pode ler-se. O documento indica ainda que “a plenitude da catolicidade própria da Igreja, governada pelo Sucessor de Pedro e pelos Bispos em comunhão com ele, encontra na divisão dos cristãos um obstáculo à sua realização plena na história”. Notícias relacionadas Respostas a questões relativas a alguns aspectos da doutrina sobre a Igreja

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Agência ECCLESIA

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