O Vaticano publicou a intervenção que o Papa proferiu na semana passada, durante os trabalhos do Sínodo dos Bispos. O texto agora divulgado mostra que Bento XVI pediu se supere o dualismo entre exegese e teologia que, em algumas ocasiões, leva a uma leitura sem fé da Bíblia. “O facto histórico é uma dimensão constitutiva da fé cristã. A história da salvação não é mitologia, mas uma verdadeira história e é por isso que se pode estudar com os métodos da pesquisa histórica séria”, apontou. Nesta intervenção, o Papa adiantou parte do trabalho que está a realizar para redigir o segundo volume do seu livro «Jesus de Nazaré». Bento XVI considerou que, em geral, os exegetas têm em conta o critério da unidade de toda Escritura, mas descuram o da Tradição viva de toda a Igreja, transformando a Bíblia num livro do passado. “A exegese converte-se em historiografia”, lamentou. Segundo esta visão, na Alemanha, por exemplo, correntes exegéticas negam a instituição da Eucaristia e afirmam que o corpo de Jesus teria fica no túmulo. Deste modo “desaparece a presença do divino no histórico”, constatou Bento XVI. Segundo o Papa, para a vida e missão da Igreja é totalmente necessário superar o dualismo entre exegese e teologia, dado que “são dimensões de uma mesma realidade”. Neste sentido, defendeu que nas propostas do Sínodo se deve falar na “necessidade de desenvolver uma exegese não só histórica, mas também teológica”.