Irmã Simona Brambilla falou a grupo de portugueses que participa no Jubileu da Comunicação
Cidade do Vaticano, 24 jan 2025 (Ecclesia) – A irmã Simona Brambilla, prefeita do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, disse que a nomeação de uma mulher para o cargo representa um “passo” para se se chegar a uma maior diversidade nas lideranças católicas
“Não me parece que seja um ponto de chegada, é um passo de um processo”, no sentido de uma “cada vez maior diversidade”, que inclui no governo da Igreja as várias sensibilidades, em linha com o processo sinodal, referiu a religiosa, num encontro com dezenas de portugueses que participam nos eventos do Jubileu da Comunicação.
Jornalistas, colaboradores de jornais, de rádios e de gabinetes de imprensa, assim como responsáveis pelo setor da comunicação na Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) estão a participar no Jubileu do Mundo das Comunicações, entre hoje e domingo, em Roma.
A presença do grupo de Portugal começou com um diálogo sobre o tema ‘Francisco, um pontificado de esperança’, acolhido pelo cardeal Tolentino Mendonça, no Dicastério para a Cultura e Educação.
A irmã Simona Brambilla destacou a “dimensão simbólica” da sua nomeação, que “abre uma reflexão, um diálogo, abre pistas”.
“A maioria dos consagrados e consagradas são mulheres. É normal, é compreensível que também no Dicastério a liderança e os colaboradores tenham representação de mulheres e de homens”, indicou a prefeita.
Para esta responsável, além de promover a participação das mulheres, nos órgãos de decisão, é preciso “facilitar o diálogo, o aprofundamento da integração da dimensão feminina e masculina da Igreja”, numa relação de “reciprocidade”.
A religiosa deixou votos de que se promova uma “integração cada vez mais verdadeira e profunda das duas dimensões, feminina e masculina, na vida da Igreja e na vida da humanidade”.
A prefeita do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica elogiou a dimensão “humana” do Papa Francisco, que combina “fortaleza e ternura”.
“Precisamos de conjugar este binómio, a ternura e proximidade com a firmeza, a coragem, a fortaleza”, acrescentou.
A 6 de janeiro deste ano, o Papa nomeou a irmã Simona Brambilla, das Missionárias da Consolata, como nova prefeita do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, que se tornou assim a primeira mulher a exercer um cargo deste nível, na Cúria Romana.
Um mês antes, Francisco tinha escolhido a irmã Brambilla para integrar o Conselho Ordinário da Secretaria-Geral do Sínodo dos Bispos.
No encontro com o grupo português, a religiosa saudou a existência de “caminhos de sinodalidade” na Vida Consagrada, com espaços de escuta e de valorização do “contributo de cada um, de uma e das diferenças”, incluindo as “discordâncias”, que podem “desafiar o sistema de pensamento”.
“O Jubileu como processo, como movimento, como peregrinação” implica que se vá “caminhando em direção a algo de novo”, apontou.
A responsável foi missionária em Moçambique e docente na Universidade Gregoriana; em 2011 foi eleita superiora geral do Instituto das Missionárias da Consolata, tendo sido reeleita em 2017 para outro mandato de seis anos.
Sobre a sua experiência em território moçambicano, a irmã evocou a passagem pelo Niassa, no norte do país.
“Foi algo que transformou profundamente a minha vida, o contacto com esta cultura tão diferente da minha de proveniência e com valores, uma espiritualidade, uma filosofia, diria, que nós chamamos de biossofia, filosofia da vida extraordinária e especial”, recordou.
A colaboradora do Papa lamentou as “tragédias” e conflitos que afetam a população de Moçambique, que “tem dentro de si valores culturais, espirituais e humanos significativos e originais”.
A responsável sustentou a necessidade de promover “um processo de reconciliação e de paz, incluindo, obviamente, todas as partes”.
HM/OC