Obra criada por artesãos da Cisjordânia está exposta no Auditório Paulo VI
Cidade do Vaticano, 11 dez 2024 (Ecclesia) – O presépio exposto pelo Vaticano no Auditório Paulo VI vem este ano de Belém, apresentando-se como um sinal de esperança para os cristãos da Palestina.
“É uma presença muito importante, para dizer que a Terra Santa precisa de ajuda e de solidariedade, esperando que o ano jubilar acolha de novo os peregrinos”, refere ao portal de notícias do Vaticano o curador da obra, Taisir Hasbu.
As imagens, em madeira de oliveira, foram criadas por artesãos da Cisjordânia.
“Chamamos-lhe ‘Sigam a estrela’, a que está no nosso presépio, que espelha a que está na gruta da Natividade em Belém, só que esta é maior, feita de madrepérola, uma curiosidade a descobrir”, assinala o responsável pela instalação artística, inaugurada no último sábado.
Johny Andonia e Faten Nastas Mitwasi conceberam a obra, que tem três metros de altura.
“Esta é uma oportunidade muito importante para nós, cidadãos de Belém, fazermos ouvir a nossa voz, especialmente na situação que conhecemos, que é bastante difícil. Esta é uma forma de estarmos presentes, de partilharmos com todos os visitantes no Auditório Paulo VI, de darmos a conhecer a nossa existência, a nossa presença, a nossa participação. É muito importante”, realça Taisir Hasbu.
O presépio, criado em colaboração com a comissão presidencial palestina para os Assuntos Eclesiásticos, a Embaixada da Palestina no Vaticano e o Centro Piccirillo em Belém, foi desenhado pela Universidade Dar Al-Kalima.
Além da madeira de oliveira foram usados materiais como ferro, madrepérola, cerâmica, vidro, feltro, tecido e lã, além de uma pequena oliveira que representa a Palestina e evoca a paz.
Em 2019, mais de dois milhões de peregrinos entraram na Igreja da Natividade, em Belém, onde as famílias cristãs dependem dos turistas, como artesãos e comerciantes.
“As famílias estão a viver uma situação de pobreza extrema e é por isso que a nossa presença no Vaticano é uma forma de fazer ouvir a nossa voz, de dizer que precisamos da vossa solidariedade, da vossa ajuda”, assinala Hasbun.
No último sábado, Francisco saudou a delegação que ofereceu este presépio, recordando todos os que “sofrem o drama da guerra”.
“Com lágrimas nos olhos, elevamos a nossa oração pela paz. Irmãos e irmãs, chega de guerra, chega de violência”, declarou.
Depois da polémica gerada pela figura que representava Jesus envolto num ‘keffiyeh’, lenço símbolo da resistência palestina, o presépio apresentava-se hoje sem a imagem do Menino.
Embora o Menino Jesus estivesse nos presépios de anos anteriores, ao longo do tempo do Advento, em muitos locais é tradição colocar a figura, na representação do seu nascimento, apenas na noite de 24 de dezembro.
OC