Vaticano: Pregador da Casa Pontifícia destacou a «inteligência da Cruz», que dá «liberdade de uma escolha autêntica»

Padre Roberto Pasolini explicou que é esta inteligência não é artificial, «mas profundamente relacional»

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Cidade do Vaticano, 18 abr 2025 (Ecclesia) – O pregador da Casa Pontifícia afirmou hoje “a inteligência da Cruz”, quando “os algoritmos parecem dizer o que desejar”, e indicou três momentos da Paixão onde Jesus “mostra como viver com plena confiança em Deus”, e continuar protagonista.

“Numa época como a nossa, tão rica de novas inteligências — artificiais, computacionais, preditivas — o mistério da paixão e morte de Cristo oferece-nos outro tipo de inteligência: a inteligência da Cruz, que não calcula, mas ama; que não otimiza, mas se entrega. Uma inteligência que não é artificial, mas profundamente relacional, porque está inteiramente aberta a Deus e aos outros”, disse o padre Roberto Pasolini, na homilia enviada ^`a Agência ECCLESIA, pela sala de imprensa da Santa Sé.

O frade capuchinho explicou que num mundo em que “os algoritmos parecem dizer o que desejar, o que pensar e até quem ser”, a Cruz devolve “a liberdade de uma escolha autêntica”, baseada não na eficiência, mas no amor abnegado.

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O religioso afirmou que “o Pai escolheu atender à oração do Filho”, ao partilhar duas perguntas: “Como é que Deus ouve as orações mais dolorosas e desesperadas? Se o Pai não poupou o seu Filho da morte, como se comportará connosco quando Lhe oferecemos todas as nossas lágrimas?”

“Não o poupou ao tormento da cruz, mas permitiu que Ele se tornasse, nesse mesmo altar, o Salvador do mundo. Deus não poupou o sofrimento de Cristo, mas sustentou o seu coração, tornando-o capaz de se entregar às exigências do amor maior, aquele que não se detém nem mesmo diante dos inimigos”, desenvolveu.

Na homilia da celebração da paixão do Senhor, o pregador do Papa destacou três momentos em que Jesus, “através das suas palavras” – quando diz “sou eu”, no Jardim do Getsémani, e na cruz “estou cheio de sede” e “está feito”, onde mostra como se pode “viver com plena confiança em Deus sem deixar de ser protagonistas da própria história”.

O padre Roberto Pasolini incentivou à “confiança total”, e lembrou que o Papa Francisco quis introduzir no Ano Santo 2025 recordando que “Cristo é a âncora da esperança”, a quem podem permanecer firmemente unidos, “estreitando a corda da fé que nos une a Ele desde o batismo”.

“No coração deste Jubileu, nós, cristãos, escolhemos o caminho da cruz como única direção possível para as nossas vidas. Bem sabemos que as nossas forças não serão suficientes para completar este caminho, mas o Espírito Santo, que já encheu os nossos corações de doce esperança, virá em auxílio da nossa fraqueza para nos lembrar do mais importante: assim como fomos amados, assim também poderemos amar, os amigos e até os inimigos”, concluiu o frade menor capuchinho.

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A celebração da Paixão do Senhor, de Sexta-feira Santa, foi presidida pelo cardeal Claudio Gugerotti, prefeito do Dicastério para as Igrejas Orientais.

Já a Via-Sacra do Coliseu, na noite desta sexta-feira, (21h15) é conduzida pelo cardeal Baldo Reina, vigário-geral da Diocese de Roma.

O Papa preparou, pelo segundo ano consecutivo, as meditações para esta cerimónia tradicional de Sexta-feira Santa, e apela, por exemplo, à transformação de um mundo de “cálculos e algoritmos”, com novas críticas à economia que “mata”.

OC/CB

Francisco delegou a presidência das celebrações da Semana Santa por se encontrar em convalescença na Casa de Santa Marta, desde 23 de março; a Santa Sé destacou que é o próprio Papa quem delega aos cardeais a presidência das várias celebrações.

A Vigília Pascal começa a ser celebrada pelas 19h30 de sábado, na Basílica de São Pedro, sob a presidência do cardeal Giovanni Battista Re, decano do Colégio Cardinalício.

A Eucaristia de Domingo de Páscoa, pelas 10h30 (menos uma em Lisboa), vai ser presidida pelo vigário emérito para a Cidade do Vaticano, cardeal Angelo Comastri, na Praça de São Pedro, seguindo-se a bênção ‘Urbi et Orbi’ ao meio-dia de Roma, para a qual a Santa Sé ainda não deu indicações.

Francisco deslocou-se à prisão romana ‘Regina Coeli’ para uma visita privada aos reclusos, esta quinta-feira, na primeira saída do Vaticano neste período de convalescença, e, no último domingo, o Papa esteve na Praça de São Pedro para saudar a multidão, no final da Missa de Ramos, que marcou o início da Semana Santa.

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