Frio e controlo policial à entrada para a Praça de São Pedro receberam peregrinos que acompanham D. Manuel Monteiro de Castro
Octávio Carmo, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano
Cidade do Vaticano, 18 fev 2012 (Ecclesia) – Cerca de 300 portugueses vão acompanhar hoje o Consistório de criação de 22 novos cardeais da Igreja Católica, no Vaticano, com atenção particular a D. Manuel Monteiro de Castro, de 73 anos, natural de Guimarães.
O grupo, que inclui familiares, amigos e conterrâneos do novo cardeal, começou a concentrar-se cerca de duas horas antes do início da celebração (10h30, menos uma em Lisboa), sendo recebidos pelo frio de Roma, onde ainda há vestígios do nevão das últimas semanas, e pelo dispositivo de segurança à entrada para a Praça de São Pedro.
Joaquim Monteiro de Castro, um dos cinco irmãos da família do cardeal, referiu à Agência ECCLESIA a sua emoção pelo momento que se vai viver, um reconhecimento para “alguém que passou a vida toda a servir a Igreja, desde os 23 anos”.
“É um fora de série em todos os campos”, refere, considerando o seu irmão como “alguém a seguir”.
Natural de Santa Eufémia de Prazins, Guimarães, onde nasceu a 29 de março de 1938, D. Manuel Monteiro de Castro foi ordenado padre em 1961 e bispo em 1985.
O grupo de peregrinos da sua terra natal, reforçado este sábado à noite por uma delegação de escuteiros, a terra conta também com cerca de seis dezenas de emigrantes em França, sobretudo em Nice.
A maioria enverga um cachecol, com a figura do novo cardeal, onde se pode ler ‘Feliz o homem piedoso e prudente, no serviço do Senhor’.
Olívia Resende, uma das conterrâneas de D. Manuel Monteiro de Castro que veio expressamente de França para esta celebração, fala de um “grande orgulho” que mobilizou os portugueses de três localidades diferentes.
Apesar da distância, acrescenta, o cardeal não perdeu a ligação com a sua terra, tendo mesmo visitado os emigrantes em Nice, no último mês de outubro.
Os novos cardeais juntam-se, antes do início da cerimónia, ao lado da capela de São Sebastião, na Basílica de São Pedro, onde está sepultado o Papa João Paulo II.
O rito de entrega do barrete e do anel cardinalícios, momentos que foram unificados por decisão papal, bem como a atribuição uma igreja de Roma, vão decorrer após a proclamação das leituras e da homilia de Bento XVI.
O Papa lê então a fórmula de criação e proclama solenemente os nomes dos novos cardeais (D. Manuel Monteiro de Castro será o segundo), para os unir com “um vínculo mais estreito à Sé de Pedro”.
Depois tem lugar a profissão de fé e o juramento dos novos cardeais, de fidelidade e obediência ao Papa e seus sucessores, “agora e para sempre”.
Cada um ajoelha-se, depois, para receber o barrete cardinalício, que Bento XVI impõe “como sinal da dignidade do cardinalato”, significando que todos devem estar prontos a comportar-se “com fortaleza, até à efusão do sangue".
O Papa entrega ainda o anel aos novos cardeais para que se “reforce o amor pela Igreja”.
Ainda hoje vão ter lugar as visitas de cortesia aos novos cardeais, entre as 16h30 e as 18h30, que, no caso de D. Manuel Monteiro de Castro, decorrem na sala régia do Palácio Apostólico.
O novo cardeal português vai oferecer um almoço a várias centenas de pessoas, no espaço dos Museus do Vaticano.
D. Manuel Monteiro de Castro rumou à Santa Sé em julho de 2009, quando assumiu o cargo de secretário da Congregação para os Bispos, antes de, em janeiro deste ano, passar a ser o responsável máximo pela Penitenciaria Apostólica, tribunal que remonta ao século XIII.
OC