Vaticano: Portugal tem novo cardeal

Bento XVI pediu «fidelidade e coragem» aos membros do Colégio Cardinalício, que desafiou a contrariar lógicas de poder

Octávio Carmo, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano

Cidade do Vaticano, 18 fev 2012 (Ecclesia) – Bento XVI criou hoje como cardeal o português D. Manuel Monteiro de Castro, penitenciário-mor da Santa Sé, num Consistório público em que foram designados cardeais outros 21 bispos e padres católicos.

“É-lhes pedido que sirvam a Igreja com amor e vigor, com a clareza e a sabedoria dos mestres, com a energia e a fortaleza dos pastores, com a fidelidade e a coragem dos mártires”, disse o Papa, durante a celebração que decorreu na Basílica de São Pedro, no Vaticano.

O terceiro cardeal português do século XXI (47.º da história) e primeiro a ser designado no atual pontificado recebeu também, simbolicamente, a diaconia de uma igreja de Roma: São Domingos de Gusmão (1170-1221), fundador dos dominicanos.

“Através da atribuição do título duma igreja desta Cidade [de Roma] ou duma diocese suburbicária, os novos cardeais ficam, para todos os efeitos, inseridos na Igreja de Roma guiada pelo sucessor de Pedro, para cooperar estreitamente com ele no governo da Igreja universal”, explicou Bento XVI.

O Papa falou numa “delicada tarefa” em que os cardeais são “chamados a analisar e avaliar os casos, os problemas e os critérios pastorais que dizem respeito à missão da Igreja inteira”, em “contradição com o estilo mundano do poder e da glória”.

“Que a vossa missão na Igreja e no mundo se situe sempre e só ‘em Cristo’ e corresponda à sua lógica e não à do mundo”, pediu, frisando que "não é fácil entrar na lógica do Evangelho, deixando a do poder e da glória".

Bento XVI acrescentou que “no seu serviço, os novos cardeais são chamados a permanecer fiéis a Cristo, deixando-se guiar unicamente pelo seu Evangelho”.

A intervenção papal destacou o simbolismo do barrete e do novo anel cardinalício; neste último, são representados São Pedro e São Paulo.

“Trazendo este anel, sois convidados diariamente a recordar o testemunho de Cristo que os dois Apóstolos deram até ao seu martírio aqui em Roma”, sublinhou o Papa.

Após a alocução, Bento XVI leu a fórmula de criação e proclamou solenemente os nomes dos novos cardeais (D. Manuel Monteiro de Castro foi o segundo), para os unir com “um vínculo mais estreito à Sé de Pedro”.

Depois teve lugar a profissão de fé e o juramento de fidelidade e obediência ao Papa e seus sucessores, “agora e para sempre”.

O novo cardeal português ajoelhou-se para receber o solidéu e o barrete cardinalício, que Bento XVI impôs, com alguma dificuldade, “como sinal da dignidade do cardinalato”, significando que todos devem estar prontos a comportar-se “com fortaleza, até à efusão do sangue".

Cada cardeal é inserido na respetiva ordem (episcopal, presbiteral ou diaconal), uma tradição que remonta aos tempos das primeiras comunidades cristãs de Roma, em que os cardeais eram bispos das igrejas criadas à volta da cidade (suburbicárias) ou representavam os párocos e os diáconos das igrejas locais.

O Consistório público ordinário prosseguiu com a aprovação de sete causas de canonização, com destaque para a primeira santa indígena norte-americana, Kateri Tekakwitha, nascida em 1656 e falecida em 1680, no Canadá.

Presentes na celebração estiveram os outros dois cardeais portugueses, D. José Saraiva Martins e D. José Policarpo; o arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, e uma delegação do Governo de Portugal, liderada pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas.

OC

Notícia atualizada às 11h04

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Agência ECCLESIA

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