Padre Lombardi fala em informação «facciosa» e diz que a Santa Sé tem critérios de «transparência»
Cidade do Vaticano, 26 jan 2012 (Ecclesia) – O porta-voz do Vaticano reagiu hoje à polémica lançada em meios de comunicação social, na Itália, sobre alegados casos de corrupção na administração da Santa Sé, afirmando a aposta na “transparência” e controlo das atividades económicas.
O padre Federico Lombardi comentava, em nota publicada pela sala de imprensa da Santa Sé, as acusações de desvio de verbas e gestão danosa dirigidas a membros do Vaticano no programa televisivo ‘Gli intoccabili’ (Os intocáveis), transmitido esta quarta-feira pelo canal italiano ‘La7’.
A emissão fazia eco de cartas que terão sido dirigidas ao Papa pelo arcebispo Carlo Maria Viganò, secretário-geral do Governatorato do Estado da Cidade do Vaticano entre julho de 2009 e outubro de 2011, altura em que foi nomeado núncio [embaixador] nos Estados Unidos da América, situação que foi apresenta como uma espécie de punição na imprensa italiana.
Em resposta, o porta-voz do Vaticano diz que essa nomeação, “uma das missões mais importantes de toda a diplomacia” da Santa Sé, foi “uma prova de inquestionável estima e confiança por parte do Papa”.
A nota de Federico Lombardi declara que no Estado da Cidade do Vaticano existe uma “linha de cada vez maior transparência, prestação de contas e controlo atento sobre as atividades económicas”.
Este responsável condena o que qualificou como “informação facciosa” em relação à Igreja Católica, questionando o “método e expedientes jornalísticos” utilizados na transmissão televisiva, antes de manifestar “amargura” pela difusão de “documentos reservados”.
“Algumas acusações – muito graves – feitas no decorrer da transmissão, em particular relativas aos membros do Comité de Finanças e Gestão do Governatorato e da Secretaria de Estado”, avança, vão levar estas instituições a “perseguir todas as vias oportunas, se necessário as legais, para garantir a honorabilidade de pessoas moralmente íntegras”.
O porta-voz do Vaticano diz que os resultados obtidos pelo arcebispo Viganò não são questionados “por ninguém” e que os critérios “positivos e claros de correta e sã administração e de transparência” continuam a guiar os atuais responsáveis pela gestão da Cidade-Estado.
A este respeito, assinala-se que esta manhã foi divulgada a adesão da Santa Sé à convenção da ONU contra o “crime organizado transnacional” e à convenção internacional para a “repressão do financiamento do terrorismo”.
Segundo o padre Lombardi, a situação no seio do Vaticano foi apresentada de forma “parcial e banal, exaltando os aspetos negativos” e passando a imagem de “litígios, divisões e lutas de interesses”.
“A situação geral do Governatorato não é tão negativa como se quis fazer crer; o que tanta desinformação não pode ocultar, por certo, é o trabalho quotidiano e sereno em vista de uma cada vez maior transparência de todas as instituições do Vaticano”, sustenta.
OC