Vaticano: Porta-voz evita responder a críticas do governo turco ao Papa

Declarações de Francisco sobre «genocídio arménio» foram condenadas pelo presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan

Cidade do Vaticano, 15 abr 2015 (Ecclesia) – O porta-voz do Vaticano disse hoje que o Papa quer evitar qualquer “polémica” com a Turquia, após as críticas dos governantes deste país por Francisco ter falado num “genocídio arménio”.

“Registamos as reações turcas, mas não julgamos necessário fazer disso uma polémica”, referiu o padre Federico Lombardi, após ter sido questionado, em conferência de imprensa, sobre as declarações do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que “condenou” a posição do Papa.

Segundo o porta-voz do Vaticano, Francisco tinha a intenção de promover o “diálogo” e a “reflexão” em relação a estes acontecimentos históricos.

O Papa presidiu este domingo a uma Missa pelo centenário do ‘martírio’ (Metz Yeghern) arménio, na Basílica de São Pedro, antes da qual dirigiu uma saudação aos participantes em que citava uma declaração assinada por João Paulo II em 2001.

“No século passado, a nossa humanidade viveu três grandes e inauditas tragédias: a primeira, que geralmente é considerada como ‘o primeiro genocídio do século XX’ (João Paulo II e Karekin II, Declaração Conjunta, Etchmiadzin, 27 de Setembro de 2001), atingiu o vosso povo arménio – a primeira nação cristã – juntamente com os sírios católicos e ortodoxos, os assírios, os caldeus e os gregos”, disse.

O presidente da Turquia condenou esta terça-feira a intervenção de Francisco sobre o tema "advertiu" o Papa "para não repetir esse erro".

Segundo a Arménia, 1,5 milhões de pessoas foram perseguidas e mortas, enquanto para a Turquia o número de arménios mortos não supera os 500 mil, nos combates que se sucederam ao levantamento das populações arménias contra os otomanos.

O padre Federico Lombardi entende que a intervenção do Papa “deu um forte impulso para a reflexão”, que do ponto de vista de Francisco deve “envolver a atualidade”, como “lição” para os dias de hoje.

“Nós não quisemos polémicas”, insistiu.

Para o diretor da sala de imprensa da Santa Sé, o discurso papal foi “muito claro” e manifestava o “desejo de reconciliação e de diálogo entre o povo turco e o povo arménio”.

OC

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