Vaticano: Porta-voz diz que Bento XVI afastou qualquer intenção de «interferir» no pontificado do seu sucessor

Joseph Ratzinger vai passar a ser Papa emérito e prometeu «obediência» ao futuro pontífice

Cidade do Vaticano, 28 fev 2013 (Ecclesia) – O porta-voz do Vaticano afirmou hoje que Bento XVI deixou clara a sua intenção de não “interferir” no pontificado do seu sucessor na posição “inédita” de Papa emérito que vai assumir a partir desta noite.

“[Bento XVI] Não tem qualquer intenção de interferir nas posições, decisões, na atividade do seu sucessor”, declarou o padre Federico Lombardi, em conferência de imprensa.

Este responsável comentava o discurso de Joseph Ratzinger no encontro de despedida que reuniu “144 cardeais” e outros responsáveis da Cúria Romana.

Bento XVI prometeu a sua obediência “incondicional” ao próximo Papa durante um encontro com várias dezenas de cardeais no último dia de pontificado.

“Entre vós, entre o Colégio Cardinalício, está também o futuro Papa, ao qual já hoje prometo a minha incondicional reverência e obediência”, disse.

O Papa apresentou a sua renúncia no último dia 11, com efeitos a partir das 20h00 (hora de Roma, menos uma em Lisboa) desta tarde.

Federico Lombardi considerou que, com esta declaração, Bento XVI mostra que “reconhece claramente a autoridade do pastor supremo da Igreja” que lhe vier a suceder, num “ato original, não esperado”.

O decano [figura que preside ao Colégio Cardinalício], D. Angelo Sodano, confirmou esta manhã que vai enviar esta sexta-feira a “convocatória formal” que anuncia o início da Sé vacante – período entre a morte/renúncia de um Papa e a eleição do seu sucessor – e chama os cardeais ao Vaticano, para marcarem presença nas reuniões [congregações] gerais, órgão interino de governo da Igreja.

Após o falecimento, esta manhã, de D. Jean Honoré, a Igreja Católica conta com 207 cardeais, 117 dos quais com menos de 80 anos e direito a voto no próximo Conclave.

Estes responsáveis da Igreja Católica são elencados por uma “ordem de precedência” e distribuídos em três ordens (episcopal, presbiteral ou diaconal), tradição que remonta aos tempos das primeiras comunidades cristãs de Roma, em que os cardeais eram bispos das igrejas criadas à volta da cidade (suburbicárias) ou representavam os párocos e os diáconos das igrejas locais.

Por norma, os cardeais que lideram uma diocese pertencem à ordem presbiteral e os que trabalham na Cúria Romana à diaconal.

Os três cardeais portugueses pertencem a uma ordem diferente: D. José Saraiva Martins, prefeito emérito da Congregação para as Causas dos Santos, é um dos seis cardeais-bispos (a que se juntam, num grau hierárquico inferior, os patriarcas das Igrejas católicas de rito oriental) da Igreja, os únicos que elegem e podem ser eleitos para o cargo de decano do Colégio Cardinalício; D. José Policarpo, patriarca de Lisboa, pertence à ordem presbiteral e D. Manuel Monteiro de Castro, penitenciário-mor da Santa Sé, à ordem diaconal.

A ordem de precedência tem implicações, por exemplo, na organização das procissões ou nos lugares que os cardeais ocupam durante a eleição pontifícia, na Capela Sistina.

O Conclave, palavra com origem no latim ‘cum clavis’ (fechado à chave), pode ser definido como o lugar onde os cardeais se reúnem em clausura para eleição do Papa.

OC

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