Vaticano: Peritos do Conselho da Europa avaliaram normas contra lavagem de dinheiro

Santa Sé está a investigar «fuga» de documentos internos para a imprensa italiana

Cidade do Vaticano, 19 mar 2012 (Ecclesia) – Um grupo de peritos do ‘Moneyval’, organismo especializado do Conselho da Europa para a luta contra a lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo, completou uma visita de três dias ao Vaticano, anunciou a Santa Sé.

De acordo com um comunicado divulgado este domingo, a ação levada a cabo por especialistas jurídicos, financeiros e agentes de segurança enquadra-se na “colaboração ativa” entre as duas partes.

A nota fala em “encontros de caráter técnico” que se desenrolaram entre quarta e sexta-feira, nos quais foi tida em consideração “a especificidade da Santa Sé e do Estado da Cidade do Vaticano”.

Em dezembro de 2010, Bento XVI criou uma Autoridade para a Informação Financeira, para garantir maior transparência nas finanças da Santa Sé (órgão de governo da Igreja Católica) e combater o crime económico.

As medidas previstas foram agora avaliadas pela primeira vez, com o objetivo de os adequar aos “padrões internacionais”, indica o Vaticano, recordando a adesão, em janeiro deste ano, à convenção da ONU contra o crime organizado transnacional e à convenção internacional para a repressão do financiamento do terrorismo, bem como a ratificação da Convenção das Nações Unidas contra o tráfico de drogas.

Os responsáveis do Moneyval vão determinar se o Vaticano está em condições de ser readmitido na chamada “lista branca” da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e do Grupo de Ação Financeira (GAFI).

A decisão deve ser conhecida depois da discussão de um relatório, que será apresentado durante a assembleia plenária da Moneyval, em julho.

A gestão financeira de Santa Sé tem sido atingida por acusações de corrupção contra o Governatorato do Estado da Cidade do Vaticano e o Instituto para as Obras Religiosas (conhecido como o banco do Vaticano), na imprensa italiana.

Em declarações ao jornal do Vaticano, ‘L’Osservatore Romano’, o substituto da Secretaria de Estado, D. Angelo Becciu, criticou os que se serviram de uma “situação de privilégio” para publicar documentos em relação aos quais “tinham a obrigação de confidencialidade”.

Nesse sentido, o número três da diplomacia da Santa Sé anunciou a realização de um “cuidadoso inquérito” que diz respeito a todos os organismos da Santa Sé, conduzido a nível penal pelo Promotor de justiça do Tribunal do Vaticano e a nível administrativo pela própria Secretaria de Estado, enquanto uma” comissão superior” foi encarregada pelo Papa de esclarecer toda a situação.

“Os votos são que se recomponha a base do nosso trabalho: a confiança recíproca”, refere o arcebispo italiano, antigo núncio em Angola, convidando a “olhar em frente”.

OC

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