Papa refletiu sobre o perdão, na audiência geral, na Aula Paulo VI, considerando que sem ele “nunca haverá paz”

Cidade do Vaticano, 20 ago 2025 (Ecclesia) – O Papa Leão XIV destacou hoje, na Aula Paulo VI, no Vaticano, a importância de perdoar para impedir que o mal atinja maiores dimensões.
“Perdoar não significa negar o mal, mas impedir que este gere mais mal. Não se trata de dizer que nada aconteceu, mas de fazer tudo o que é possível para garantir que o ressentimento não dite o futuro”, referiu Leão XIV, na audiência pública semanal.
A catequese desta semana, a terceira inserida no Capítulo “A Páscoa de Jesus”, centrou-se no perdão, a partir de um dos “gestos mais impactantes e luminosos do Evangelho”, assinala o Papa, quando Jesus, na última ceia oferece um pedaço de pão àquele que está prestes a traí-lo, Judas.
“Este bocado é a nossa salvação: porque nos diz que Deus faz tudo — absolutamente tudo — para nos alcançar, mesmo na hora em que O rejeitamos”, realçou.
Leão XIV assinalou que “é aqui que o perdão se revela em todo o seu poder e manifesta o rosto concreto da esperança”, sublinhando que “não é esquecimento, não é fraqueza”, mas “a capacidade de deixar o outro livre, amando-o até ao fim”
“O amor de Jesus não nega a verdade da dor, mas não permite que o mal tenha a última palavra”, disse.
“Queridos irmãos e irmãs, também nós vivemos noites dolorosas e cansativas. Noites da alma, noites de desilusão, noites em que alguém nos magoou ou nos traiu. Nestes momentos, a tentação é fechar-nos, proteger-nos, ripostar”, constatou Leão XIV, no entanto, desenvolveu, o Senhor mostra “a esperança de que há sempre outro caminho”.
O Papa ressaltou que o Senhor ensina a todos que podem “oferecer um bocado mesmo a quem nos vira as costas”, podem “responder com o silêncio da confiança” e que podem “seguir em frente com dignidade, sem renunciar ao amor”.
“Peçamos hoje a graça de saber perdoar, mesmo quando nos sentimos incompreendidos, mesmo quando nos sentimos abandonados. Pois é precisamente nestas alturas que o amor pode atingir o seu auge”, apelou.
Leão XIV sublinhou que “amar significa deixar o outro livre — até para trair — sem nunca deixar de acreditar que até essa liberdade, ferida e perdida, pode ser arrancada ao engano das trevas e restituída à luz do bem”.
Quando a luz do perdão se filtra pelas fissuras mais profundas do coração, compreendemos que nunca é em vão. Mesmo que a outra pessoa não o aceite, mesmo que pareça vão, o perdão liberta quem o dá: dissolve o ressentimento, restabelece a paz e devolve-nos a nós próprios”, declarou.

Perante mais de seis mil peregrinos, na Sala Paulo VI, segundo informa o portal Vatican News, o Papa indicou que “com o simples gesto de oferecer o pão”, Jesus “mostra que toda a traição pode tornar-se uma oportunidade de salvação, se for escolhida como espaço para um amor maior”.
“Não cede ao mal, mas vence-o com o bem, impedindo-o de apagar o que há de mais verdadeiro em nós: a capacidade de amar”, observou.
Na saudação aos peregrinos de língua portuguesa, o Papa salientou que “sem perdão nunca haverá paz!”.
A audiência pública semanal ficou também marcada pela convocação de um dia de oração e jejum pela paz, marcado para o dia da memória litúrgica da bem-aventurada Virgem Maria Rainha.
“Enquanto a nossa terra continua a ser ferida por guerras na Terra Santa, na Ucrânia e muitas outras regiões do mundo, convido todos os fiéis a viverem o dia 22 de agosto em jejum e oração, suplicando ao Senhor, que nos conceda paz e justiça e que enxugue as lágrimas daqueles que sofrem por causa dos conflitos armados em andamento”, pediu.
LJ
Vaticano: Papa convoca dia de oração e jejum pela paz na terra que «continua ferida por guerras»