Vaticano: Pavilhão na Bienal de Arquitetura de Veneza assinala 10.º aniversário da «Laudato Si»

Restauro do oratório de Santa Maria Auxiliadora conta com projeto da arquiteta mexicana Tatiana Bilbao e apoio de grupo empresarial português

Cidade do Vaticano, 09 abr 2025 (Ecclesia) – O Vaticano apresentou hoje o seu pavilhão na Bienal de Arquitetura de Veneza 2025, intitulado ‘Obra Aberta’, assinalando o 10.º aniversário da encíclica ‘Laudato Si’ com o restauro do oratório de Santa Maria Auxiliadora.

“O nosso desejo é que este pavilhão-parábola seja uma expressão concreta, no campo da arquitetura, das intuições proféticas contidas na ‘Laudato Si’ e se torne um laboratório ativo da inteligência humana coletiva, reunindo razão e afeto, profissionalismo e convívio, investigação e vida quotidiana”, disse aos jornalistas o cardeal português D. José Tolentino Mendonça, prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação.

O colaborador do Papa destacou que o título ‘Opera Aperta’ (Obra Aberta) apresenta o pavilhão da Santa Sé “como um canteiro de obras, como um processo contínuo em que todos são convidados a colaborar.

“No espaço do antigo oratório de Santa Maria Auxiliadora, que necessita de obras de renovação estrutural, será narrada uma parábola porque, ao mesmo tempo que se reparam as paredes e os pormenores arquitetónicos do edifício, também se curam as relações de vizinhança e a hospitalidade intergeracional, reconstruindo assim simultaneamente o espaço físico e o espaço social”, sustentou o responsável da Santa Sé.

O cardeal português recordou a publicação da encíclica ecológica e social ‘Laudato Si’, assinada por Francisco em 2015, considerando que o texto é “um magnífico texto religioso, mas também um manifesto cultural e político de grande impacto”.

“O Papa Francisco continua a inspirar a Igreja, profundamente, e este pavilhão é também um documento vivo de como a sua palavra nos guia”, disse D. José Tolentino Mendonça aos jornalistas.

A ‘Laudato Si’ é também um ponto de referência na consciência de que é a partir daqui que se deve começar a amadurecer uma nova visão cultural. De facto, perante enormes desafios – como o da inteligência artificial – e para a guiar com sabedoria, somos chamados a redescobrir e a reforçar a inteligência comunitária: aquela que nos torna protagonistas criativos da amizade social, em vez de repetidores cansados da lógica do controlo, da exclusão e do descarte”.

O pavilhão da Santa Sé tem como curadoras Marina Otero Verzier e Giovanna Zabotti, com projeto da arquiteta Tatiana Bilbao, natural do México, em conjunto com o coletivo catalão ‘MAIO Architects’.

O espaço de 550 metros quadrados é propriedade do Município de Veneza, que o cedeu durante quatro anos ao Dicastério para a Cultura e Educação, para desenvolver projetos em favor da comunidade local.

Entre os patrocinadores do projeto está o Grupo DST, de Portugal, que “desenvolve uma importante atividade de apoio a projetos artísticos”, recordou D. José Tolentino Mendonça.

Na conferência de imprensa, José Teixeira, presidente do grupo empresarial de Braga, assinalou a capacidade que a beleza tem de “influenciar os espaços” que se habitam.

O engenheiro português destacou a mudança de paradigma, num país que assume o desafio de “acolher um milhão e meio de imigrantes”, com uma “agenda mobilizadora para a construção”.

José Teixeira desejou que esse paradigma corresponda a uma “mudança social”, com uma “forma nova de pensar as cidades” que ajude a “derrubar os muros sociais”.

“A arquitetura e a arte têm poder para derrubar estes muros”, acrescentou o presidente do Grupo DST.

A 19ª Exposição Internacional de Arquitetura em Veneza vai decorrer de 10 de maio a 23 de novembro de 2025, comissariada pelo arquiteto e engenheiro Carlo Ratti, com o tema ‘Intelligens. Natural. Artificial. Collective.’.

OC

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